Diplomatas do México deixam Equador após invasão da embaixada

Diplomatas do México no Equador retornaram a seu país de origem neste domingo (7) após a embaixada em que atuavam, em Quito, ser invadida por policiais na última sexta-feira (5).

"Nossos funcionários diplomáticos deixam tudo no Equador e voltam para casa com a cabeça erguida e o nome do México elevado", afirmou a secretaria das Relações Exteriores mexicana, Alicia Bárcena, na rede social X.

De acordo com a pasta que comanda, países aliados apoiaram o trajeto dos funcionários até o aeroporto da capital "para garantir a integridade" da delegação. "Agradecemos aos embaixadores da Alemanha, do Panamá, de Cuba e de Honduras, ao presidente da Câmara Equador-México e ao restante do pessoal diplomático por sua solidariedade com o povo do México", afirmou a secretaria pelo X.

O grupo, que segundo autoridades mexicanas é integrado por 18 pessoas, viajou em um voo comercial depois de descartar a possibilidade de usar um avião militar devido à tensão. O único voo direto de Quito para a Cidade do México estava programado para aterrissar às 12h45 locais deste domingo (15h45 em Brasília), segundo informações do terminal aéreo.

Na última sexta, uma invasão sem precedentes a uma embaixada na região foi o estopim da crise entre os dois países, que já se intensificava nos dias anteriores. Agentes encapuzados a bordo de carros blindados entraram na sede da missão diplomática mexicana para retirar à força o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que se refugiava no local para evitar o cumprimento de um mandado de prisão.

A operação fez o México anunciar o rompimento das relações com o Equador, que recebeu uma onda de repúdio de outros países da região. Nações lideradas por políticos de esquerda e direita, como Brasil, Argentina, Venezuela, Cuba, Bolívia, Uruguai, Honduras, Chile e Panamá condenaram a ação, e a Nicarágua também anunciou a ruptura das relações diplomáticas com Quito.

Neste domingo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "alarmado" pela invasão e reafirmou a importância de manter a inviolabilidade de locais diplomáticos. Segundo ele, esses espaços deveriam ser respeitados "em todos os casos, em conformidade com o direito internacional".

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"O secretário-geral afirmou que violações desse tipo colocam em risco a manutenção das relações internacionais, que são fundamentais para o avanço da cooperação entre os Estados", disse o porta-voz Stéphane Dujarric em comunicado.

A Convenção de Viena, assinada pelo Equador em 1961, determina que os países signatários devem tomar todas as medidas para proteger a missão diplomática de outras nações em seu território e que seus prédios e propriedades são imunes a buscas e apreensões.

"As instalações da missão serão invioláveis. Os agentes do Estado receptor não poderão entrar nelas, exceto com o consentimento do chefe da missão", diz o texto em seu artigo 22.

O Departamento de Estado americano também se pronunciou por meio do porta-voz Matthew Miller. O funcionário afirmou por meio de um comunicado divulgado no sábado (6) que os Estados Unidos condenam qualquer violação da convenção que protege missões diplomáticas e incentivam os dois países "a resolverem suas diferenças de acordo com as normas internacionais."

A Espanha também condenou a invasão. "A entrada à força na embaixada do México em Quito constitui uma violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961", indicou o Ministério das Relações Exteriores espanhol em um comunicado. "Fazemos um apelo ao respeito pelo direito internacional e à conciliação entre México e Equador."

O escândalo internacional não foi suficiente para o presidente Daniel Noboa, um empresário e ex-deputado de centro-direita, recuar. Neste domingo, enquanto participava de uma cerimônia indígena em Otavalo, cidade no norte do país, o político afirmou estar na Presidência por uma escolha da população equatoriana.

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