Peça Cão Gelado narra a brutalidade da guerra com música e realismo fantástico
Uma ilha chamada Lá está em guerra. Duas irmãs vivem o luto desolador que acompanha o desaparecimento de seus filhos, convocados para lutar. Ana, uma delas, congelou o corpo do cachorrinho morto para que o filho pudesse se despedir do animal.
É justamente o cãozinho que narra a história da família na peça "Cão Gelado", em cartaz no Sesc Pompeia. "Meu maior medo é o esquecimento", confessa o animal. Parado no tempo, ele lembra do cotidiano alegre e dá pistas sobre um segredo que rachou o seio familiar.
A melancolia paira sobre toda a peça, uma ode à memória escrita como poesia por Filipe Isensee e publicada pela editora Cobogó. No palco, o cenário é praticamente inexistente, composto apenas por um fundo de placas metálicas que refletem a iluminação principal e microfones em pedestais.
"Não tem coxia, há pouca luz, é bruto. Com o mínimo, a poesia consegue criar som, movimento e imaginação, sobretudo, porque o teatro é uma tecnologia de imaginação", diz Gunnar Borges, diretor do espetáculo.
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