No flá-flu de Xandão e Musk, quem perde somos nós

A discussão sobre liberdade de expressão e censura, tema mais do que recorrente, voltou à cena depois de o escritor norte-americano Michael Shellenberger ter declarado que o Brasil está envolvido em "um caso de ampla repressão da liberdade de expressão".

Segundo seu relatório, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, teria pedido ao X (antigo Twitter) que interviesse em publicações, exigido a suspensão de contas, pedido o 'shadowbanning' de publicações (bloqueio no desempenho) e o acesso a detalhes pessoais de usuários que publicaram hashtags conspiratórios.

Elon Musk entrou no páreo, prometeu descumprir as ordens judiciais e levantar todas as restrições que violam as diretrizes da plataforma, ameaçando tirar o X do Brasil mesmo que perdesse dinheiro. "Os princípios importam mais que o lucro", afirmou ele.

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O movimento natural foi imediato: metade das pessoas correu em defesa do ministro do STF tentando legitimar os seus atos, e a outra metade apoiou religiosamente o guru Musk. Todos movidos unicamente pelo identitarismo. Sabemos que ninguém é santo nessa briga por controle e autoritarismo, cujos antagonistas dizem defender a mesma coisa. Quem perde? Todos nós, imbecilizados pela polarização que nos desvia da análise honesta sobre um assunto tão relevante, que pode corroer a democracia já tão ameaçada do nosso país.

Qualquer censura imposta, arbitrariamente, por algum membro do STF é ilegal. As acusações contra o ministro são graves.

Musk, por outro lado, que se declara um "absolutista da liberdade de expressão", não tem essa lisura toda, ele mesmo já suspendeu em 2022 contas de jornalistas e perfis que rastreavam aviões de agências governamentais e de outras pessoas públicas, incluindo seus jatinhos particulares ("You doxx, you get suspended" —'você revela informações privadas de uma pessoa online, você é suspenso', em português). Isso prova que defender a causa não significa escolher um lado ou outro.

Como cidadã, volto à pergunta clássica: qual é o limite da liberdade de expressão e censura? Sou do princípio de que nada se resolve com censura. A censura esconde, mascara, mas não elimina. A única forma de se combater a desinformação é com uma educação eficiente que capacite as pessoas a distinguirem uma informação qualificada de uma não qualificada, sem precisar interditar o debate através da censura.

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