Dinheiro do PCC foi usado para vencer licitações de transporte público e em compra de 50 ônibus, diz Promotoria

Dinheiro obtido por meio de tráfico de drogas e outros crimes atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) foram usados por duas empresas de ônibus para vencer licitações de transporte público na cidade de São Paulo e para a compra de ao menos 50 coletivos, de acordo com o Ministério Público.

As ilegalidades foram detalhadas em denúncia elaborada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo) contra as empresas Transwolff e UPBus, que transportam cerca de 700 mil passageiros por dia e receberam mais de R$ 800 milhões da Prefeitura de São Paulo em 2023.

Em operação deflagrada nesta terça-feira (9), foram denunciadas 26 pessoas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de capitais, extorsão e apropriação indébita. Ao menos quatro acusados foram presos, entre eles, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, além de outras três pessoas ligadas à empresa.

O envolvimento de dinheiro do crime organizado com o sistema de transporte público paulistano foi apontado pelos promotores em transação ocorrida em 2015, quando a Transwolff precisou de um grande aporte financeiro para participar de uma licitação municipal.

Na então gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), o certame exigia comprovação de capital mínimo de R$ 25 milhões para as empresas se tornarem aptas a concorrer.

Para se adequar à exigência, a Transwolff, que, até então, operava na zona sul da cidade por meio de contratos emergenciais, se associou à empresa MJS Participações Ltda.

As investigações mostram que a MJS foi usada para ocultar a injeção milionária de dinheiro na Transwolff, que teve salto no capital social de R$ 1 milhão para R$ 55 milhões em 2015. Os valores foram obtidos por meio de depósitos em dinheiro fracionados e sem origem demonstrada, segundo denúncia do Gaeco.

Parte dos depósitos incorporados ao capital social da Transwolff foram feitos via financiamentos de baixos valores em um pequeno banco da zona sul de São Paulo, do qual os sócios da empresa de ônibus também eram correntistas.

Outra parte veio de empréstimos feitos por 88 pessoas físicas e empresas individuais, sem qualquer capacidade econômica, das quais 39 eram ou se tornaram funcionários da Transwolff. "Tudo a evidenciar o propósito de dissimular e ocultar a origem ilícita do dinheiro", diz trecho da denúncia do Gaeco.

Auditores da Receita Federal identificaram que a MJS Participações "não desempenhou nenhuma atividade operacional, não teve funcionários, não adquiriu nem alienou nenhum bem imóvel, não possuiu ônibus e não figurou como emitente ou destinatária de nenhuma NF [nota fiscal]", segundo trecho da denúncia. A empresa foi extinta em 2023 e teve como sócios Pandora e Moisés Gomes Pinto.

Logo após a entrada da MJS, a Transwolff assinou um contrato emergencial com a SPTrans para explorar duas linhas de ônibus na zona sul da cidade.

Entre 2015 e 2022, após o aporte milionário da MJS, a empresa de ônibus incluiu 397 pessoas como cooperados, "algumas delas indicadas pelo PCC", que passaram a receber repasses, de acordo com os promotores.

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