Gabinete de Israel se divide sobre escala e momento de retaliação; Irã alerta Tel Aviv para não revidar

No dia seguinte à inédita ofensiva do Irã com centenas de drones e mísseis lançados contra o território israelense, o premiê Binyamin Netanyahu afirmou que conteve o ataque e prometeu vitória. O gabinete de guerra de Bibi, como é chamado, reuniu-se neste domingo (14) para discutir as próximas ações, mas concluiu o encontro sem anunciar novas medidas. Teerã já alertou Israel e os Estados Unidos sobre uma "resposta muito maior" se houver qualquer reação.

Após mais de sete horas de discussões, a reunião do gabinete de guerra terminou no domingo (14) sem uma decisão sobre como será a resposta ao Irã. Autoridades israelenses disseram à agência Reuters que o gabinete apoia uma ação de retaliação, mas está dividido em relação ao tamanho e o momento ideais para o contra-ataque. Eles vão se reunir de novo em breve para continuar com as discussões.

Mais cedo, um dos membros do gabinete de guerra, Benny Gantz , disse em comunicado oficial que a resposta virá e que o preço ao Irã será cobrado "na forma e no momento certo para nós".

Em sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o representante permanente de Israel, Gilad Erdan, subiu o tom e comparou o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, a Adolf Hitler. "O regime dos aiatolás tem um plano claro: seu objetivo tem sido e continua a ser dominação mundial, exportando sua revolução xiita radical pelo mundo", disse o israelense. "O regime islâmico de hoje não é diferente do Terceiro Reich, e o aiatolá Khamenei não é diferente de Adolf Hitler. O Terceiro Reich de Hitler foi pensado para ser um império de mil anos alcançando vários continentes, assim como Khamenei vê sua hegemonia xiita radical para alcançar toda a região e além."

Em resposta, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, disse que a ação "foi necessária e proporcional". "Foi precisa, mirou apenas alvos militares e foi feita de forma cuidadosa para minimizaro potencial de escalada e prevenir danos a civis", afirmou.

O secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, instou os países a terem "o máximo de comedimento". "A população da região enfrenta um perigo real de um conflito devastador. Agora é a hora de desarmar e reduzir as tensões. Precisamos recuar do precipício", disse Guterres.

Em entrevista à CNN, o presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que o país não está querendo entrar em guerra e que "é necessário ter equilíbrio nesta situação". Herzog afirmou que as autoridades israelenses estão agindo de "cabeça fria e de forma lúcida".

Já o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que o Irã deu uma "lição inesquecível" a Israel. "Na noite passada, os corajosos e zelosos integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana virou uma página na história da autoridade do Irã e ensinou uma lição ao inimigo sionista", disse Raisi em comunicado, segundo a agência iraniana estatal de notícias, a IRNA.

O país persa disse ter notificado seus vizinhos sobre o ataque com antecedência. "Cerca de 72 horas antes de nossas operações, informamos aos nossos amigos e vizinhos na região que a resposta do Irã contra Israel era certa, legítima e irrevogável", disse o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amirabdollahian, em entrevista coletiva, sem mencionar quais foram as nações alertadas.

Segundo um oficial da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse a Netanyahu que Washington não vai participar de qualquer contra-ofensiva israelense.

A ameaça de uma guerra aberta entre os arqui-inimigos do Oriente Médio e de envolver os Estados Unidos deixou a região em alerta, com Washington afirmando que o país não busca conflito com o Irã, mas não hesitará em proteger suas forças e Israel.

Teerã lançou o ataque em resposta ao bombardeio à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que matou membros da Guarda Revolucionária do Irã, em 1º de abril. O regime comandado pelo aiatolá Ali Khamenei atribuiu a autoria a Tel Aviv, que não confirmou envolvimento, mas continuou a ser responsabilizado.

O ataque com centenas de mísseis e drones, em sua maioria lançados do interior do Irã, causou apenas danos moderados em Israel, já que a maioria foi interceptada com a ajuda de aliados, incluindo os EUA, Reino Unido e Jordânia. "Interceptamos, repelimos, juntos venceremos", disse Netanyahu nas redes sociais. As forças israelenses confirmaram que uma base aérea no sul do país foi atingida de forma leve e continou a operar. E uma criança de 7 anos ficou gravemente ferida por causa de estilhaços de um projétil abatido.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que, apesar de frustrar o ataque, a campanha militar não acabou. Ele ressaltou a necessidade de o país estar preparado para todos os cenários.

O canal de TV israelense Channel 12 citou, durante a noite, um oficial israelense não identificado dizendo que haveria uma "resposta significativa" ao ataque.

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Rússia, China, Egito, Emirados Árabes Unidos e Omã pediram moderação. Na mesma linha, o G7, grupo que reúne as sete economias mais industrializadas do Ocidente, condenou o ataque iraniano, pediu "moderação" e defendeu um "cessar-fogo imediato" em Gaza.

"Condenamos de forma unânime o ataque sem precedentes do Irã contra Israel", informou Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, após a reunião por videoconferência do G7. "Todas as partes devem mostrar moderação. Manteremos os nossos esforços por uma desescalada. Acabar com a crise em Gaza o mais rápido possível, especialmente por meio de um cessar-fogo imediato, pode fazer a diferença", acrescentou.

Depois de reunião virtual, os líderes do G7 emitiram comunicado afirmando que o Irã se arriscava a "provocar uma escalada regional incontrolável" no conflito. "Nesse espírito, exigimos que o Irã e seus aliados parem com seus ataques", dizia a nota.

A missão iraniana nas Nações Unidas disse que o ataque tinha como objetivo punir "crimes israelenses", mas que agora "considerava o assunto encerrado".

O chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, major-general Mohammad Bagheri, alertou na televisão que "nossa resposta será muito maior do que a ação militar de hoje se Israel retaliar contra o Irã" e disse a Washington que suas bases também poderiam ser atacadas se ajudasse Israel a retaliar.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou os embaixadores do Reino Unido, França e Alemanha para questionar o que se referiu como sua "postura irresponsável" em relação aos ataques de Teerã a Israel, informou Iranian Labour News Agency, agência de notícias semioficial iraniana.

Segundo a mídia estatal persa, diversos aeroportos iranianos, incluindo o Aeroporto Internacional Imam Khomeini de Teerã, cancelaram voos até segunda-feira.

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