Reduzir riscos para escalar economias da natureza na Amazônia

Os custos de fazer negócios na Amazônia são consideravelmente mais elevados do que em outras regiões. A regularização e ocupação fundiária têm sido um desafio de longa data. Municípios amazônicos também são muito afetados por crimes ambientais e pelo crime organizado em comparação a outras áreas. Consequentemente, economias ilícitas, ou no mínimo informais e irregulares, florescem na região, dificultando a chegada e permanência de empreendedores que querem fazer a coisa certa.

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Apesar dos recentes resultados positivos, a Amazônia ainda sofre com taxas muito altas de desmatamento e pode chegar ao "ponto de não retorno" ainda na próxima década. Portanto é essencial que as economias ilícitas, que hoje predominam, sejam transformadas em ecossistemas de empreendimentos verdes. Hoje, o trabalho que faço com um time fora da curva e da caixa é para contribuir com os caminhos de como chegar lá.

Olhando para trás, diante de um desmatamento recorde no início dos anos 2000, o Brasil introduziu pela primeira vez o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), responsável também hoje pela drástica redução do desmatamento. A designação de áreas protegidas e unidades de conservação, a imposição de moratória sobre o cultivo insustentável de soja e incentivos para empresas e comunidades não desmatarem resultaram em uma queda de mais de 80% no desmatamento entre 2004 e 2012.

Não foi pouca coisa, mas, apesar do sucesso do PPCDAm, os impulsionadores do desmatamento não foram afetados. A maior parte dos investimentos se concentrou na conservação de áreas protegidas –o que é vital, mas insuficiente. Enquanto um ecossistema resiliente de economias verdes não for estabelecido, a queda no desmatamento não será permanente. E para que esse ecossistema seja criado, no mínimo três pilares são necessários: modelos de finanças híbridas; regulações e incentivos apropriados; redução e mitigação dos riscos territoriais através de arranjos inovadores de governança multissetorial e inteligente aplicados a territórios designados.

O foco de discussão e ação para a criação de novas economias compatíveis com a proteção da floresta se concentra hoje nos dois primeiros pilares. Porém pouca atenção vai para o fato de que investimentos e negócios responsáveis requerem governança estável, previsível e responsável. E essa governança é ainda mais desigual na Amazônia Legal. De fato, o crime ambiental e suas conexões, que contribuem para o desmatamento, são das ameaças mais significativas, porém pouco reconhecidas, ao desenvolvimento sustentável. A fraca aplicação da lei, a persistência das economias ilícitas, a corrupção e a impunidade não apenas aumentam a vulnerabilidade das populações locais como desestimulam os fluxos de capital de investimento responsável.

A chave para desbloquear investimentos responsáveis na Amazônia e alcançar o desmatamento zero é, portanto, a redução e a mitigação dos riscos territoriais, o que fará com que os custos financeiros, operacionais e reputacionais diminuam e assim viabilizem o ganho de escala de novas economias baseadas na natureza.

Isso demandará a criação de arranjos de governança inovadores, com atores-chave —como investidores, offtakers, empreendedores, organizações técnicas, decisores políticos, comunidades locais— aplicados a territórios designados para as diferentes teses econômicas sustentáveis que precisam ser testadas e aceleradas.

É o que chamo de "de-risking" do território, que —aliado ao fortalecimento do mercado de carbono, ao pagamento por serviços ecossistêmicos, incluindo os créditos de biodiversidade, à bioeconomia, à biotecnologia e ao turismo sustentável— é urgente e primordial para evitarmos o ponto de não retorno.

É a isso que estamos dedicados.

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