Tentativa de proibir conferência conservadora em Bruxelas vira arma para ultradireita na Europa

Um subprefeito de Bruxelas enviou policiais para dispersar um encontro que reuniria, na terça-feira (16), conservadores autodenominados "anti-woke" de toda a Europa, incluindo o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, sob a justificativa de que a ultradireita não era "bem-vinda" ali.

Emir Kir, membro do Partido Socialista e subprefeito de um bairro central de Bruxelas onde ocorreu a reunião, emitiu uma ordem para encerrar a Conferência Nacional de Conservadorismo alegando a necessidade de garantir "segurança pública".

No entanto, para críticos, a medida apenas amplificou um dos principais temas do encontro: a suposta falta de controle da cultura do cancelamento contra vozes conservadoras.

"É isso que estamos enfrentando. Estamos enfrentando uma ideologia maligna. Estamos enfrentando uma nova forma de comunismo", declarou Nigel Farage, do Reino Unido. Ex-membro do Parlamento Europeu e entusiasta da saída de seu país da União Europeia, em 2023, Farage estava se preparando para falar quando as autoridades chegaram. "Isso é como a antiga União Soviética. Nenhuma visão alternativa permitida", disse.

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Um pequeno grupo de policiais belgas entrou no local da conferência e se retirou logo após informar aos organizadores que o evento deles havia sido proibido, deixando os participantes à vontade para denunciar o que consideram uma intolerância de esquerda.

A intervenção recebeu uma forte repreensão do primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, um opositor de centro-direita do Partido Socialista. Em uma postagem nas redes sociais, ele disse que a Constituição da Bélgica garante a liberdade de expressão e que "proibir reuniões políticas é inconstitucional". O que aconteceu, declarou, "é inaceitável".

Orbán, que tem tentado se posicionar como líder de um movimento pan-europeu contra o que chama de "Golias woke", não parecia estar no local quando a polícia chegou. Mas ele postou uma mensagem na rede social X comparando a intervenção fracassada às ações das autoridades comunistas da Hungria em 1988, quando as forças de segurança tentaram em vão silenciar vozes dissidentes antes do colapso do regime.

"Não desistimos naquela época e não desistiremos desta vez também!", escreveu o político.

Os veículos de mídia húngaros controlados pelo partido Fidesz, de Orbán, usaram o tumulto como uma evidência da importância do líder húngaro contra o establishment europeu. "Toda Bruxelas está trabalhando para silenciar Viktor Orbán", afirmou uma manchete no Magyar Nemzet, um site de notícias online e porta-voz da propaganda.

O evento foi o mais recente de uma série de conferências conservadoras, incluindo uma realizada em Bruxelas há dois anos sem incidentes, organizadas pela Fundação Edmund Burke, um grupo cujo objetivo declarado é "fortalecer os princípios do conservadorismo nacional".

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