Líder do Equador aposta em militarização e populismo penal de olho em reeleição

O jovem e bilionário Daniel Noboa, 36, tomou posse no Equador em meados de novembro passado com um desafio peculiar: provar-se um presidente popular em apenas um ano e meio.

Eleito em uma espécie de eleição tampão após Guillermo Lasso, o seu antecessor, convocar um pleito antecipado e às pressas, ele não dispõe dos quatro anos no Palácio de Carondelet, a sede do governo.

Noboa assumiu a carruagem andando e em um sentido desolador, com seu país se tornando um dos mais inseguros da América Latina. Os exemplos dessa onda de violência não param de se acumular. Durante apenas três dias da última semana, dois prefeitos foram assassinados no sul do país andino.

Já de olho nas eleições de fevereiro de 2025, o líder equatoriano recorre às ferramentas que tem para se mostrar um homem forte. No último período, essas táticas incluíram a excepcional invasão da embaixada do México, um dos mais recentes rebuliços na política regional, e um referendo convocado por ele para este domingo (21).

O presidente mais jovem das Américas chamou a população às urnas para responder "sim" ou "não" a 11 perguntas, as principais delas sobre temas que envolvem uma desburocratização para militarizar a nação.

Há muito os analistas do país apontam que as forças militares são uma solução paliativa para os altos índices de violência, mas não definitiva.

No país onde o narcotráfico fincou raízes, estabeleceu uma máquina de lavagem de dinheiro e tem expulsado dezenas de milhares de pessoas que todos os meses buscam rotas perigosas de migração para fugir, especialistas apontam que é preciso fortalecer a Justiça e o Ministério Público para que investigações fiéis asfixiem a cúpula das principais organizações criminosas (além de seus vínculos com a política).

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Noboa, por outro lado, tem defendido uma presença mais facilitada dos militares no patrulhamento que em teoria seria apenas civil. A pergunta 1 de seu referendo questiona se o cidadão está de acordo com a permissão a um "apoio complementário das Forças Armadas nas funções da Polícia Nacional para combater o crime organizado".

Ao significado prático: hoje a presença militar já é bastante presente e ocorre por meio de decretos de estado de exceção (muito comuns no país) e declarações de conflito armado interno (como a que o Equador vive hoje, contra as gangues). O referendo busca anular essas exigências e fazer com que a decisão para enviar os militares dependa somente de uma decisão do chefe da polícia local e do presidente.

Justamente nesta sexta-feira (19) Noboa voltou a decretar estado de exceção. Dessa vez pela crise de desabastecimento energético gerada pela grave seca que assola o país e a Colômbia, sua fornecedora. O presidente diz que é preciso evitar saques à infraestrutura pública neste período e, por isso, novamente acenou aos militares.

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