Proteção da pesca do caranguejo ajuda na preservação dos manguezais na região Norte

Sentar em um quiosque à beira da praia com uma porção de pata de caranguejo pode ser um hábito apreciado por muitos brasileiros —e também por turistas que visitam o Brasil. Mas, se uma dessas praias for no Nordeste, é provável que o caranguejo tenha viajado pelo menos 1.500 km para chegar ali.

Isso porque, diferentemente de grande parte da costa brasileira, os manguezais na região Norte continuam preservados. Isso garante o ecossistema necessário para a sobrevivência do caranguejo-uçá, principal espécie de valor comercial no país. Assim, é justamente de lá que vem a maioria do que é consumido na região Nordeste.

A preservação dos manguezais só existe devido à baixa densidade populacional e da presença de unidades de conservação, como as Resex (Reservas Extrativistas), onde vivem comunidades tradicionais que ajudam a manter o ecossistema e o crustáceo intactos.

O caranguejo-uçá é uma espécie endêmica dos manguezais, com distribuição da Flórida, nos Estados Unidos, até Santa Catarina, no Brasil.

Segundo Tânia Marcia Costa, professora associada do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista), campus de São Vicente, o caranguejo adulto possui, em média, 6 cm ou mais de largura de carapaça, e a coloração varia entre azul, verde, amarelo e branco, dependendo da idade.

Os machos possuem um ventre em formato de "T" invertido, enquanto nas fêmeas essa parte é arredondada, local onde elas também guardam a bolsa de ovos após a fecundação. A maturidade sexual é lenta, demorando em média seis a oito anos para atingir o tamanho comercial do adulto.

Entenda a série

Os uçás são territoriais, isto é, vivem em uma única toca e a mantêm sob guarda, raramente ocupando outra —caso isso ocorra, o dono da toca pode expulsar o intruso. As tocas variam de 60 cm a 180 cm de profundidade.

A captura, de acordo com Costa, é uma tarefa difícil. O meio mais usado de "catar caranguejo" é o "braceamento", que consiste em colocar todo o braço dentro da toca para retirada do animal. Alguns ainda derrubam lama das paredes da toca no crustáceo para evitar uma pinçada.

"No entanto, durante o período da reprodução, estes caranguejos apresentam o fenômeno da ‘andada’, quando machos e fêmeas saem das tocas para o acasalamento, podendo ser facilmente capturados", explica.

Essa prática, porém, é ilegal. Desde 2003, o governo criou o chamado defeso do caranguejo, período em que a captura, o transporte, a comercialização ou qualquer atividade envolvendo o animal é proibida, sujeito à multa no valor de R$ 700 a R$ 100 mil.

O período varia —influenciado pelo regime de marés e luas—, mas no Norte ocorre geralmente de janeiro a março. A reportagem esteve em Bragança, no Pará, uma semana antes do período de defeso, que neste ano ocorreu em três partes: de 12 a 17 de janeiro, de 10 a 15 de fevereiro e entre os dias 11 e 16 de março.

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