TV estatal não funciona

Todo governador de São Paulo que encara a existência de uma TV pública funcionando bem, a cumprir a sua finalidade de alternativa à programação (em geral, banal) das outras emissoras, tem dois momentos.

O segundo costuma ser positivo, quando ele consegue entender como as coisas podem funcionar bem entre governo do estado e Fundação Padre Anchieta (FPA), que administra a TV Cultura. Mas o primeiro momento, que estamos vivendo agora, é a clássica revolta do governador, sem compreender como é possível liberar verbas públicas para serem utilizadas por uma emissora independente e de direito privado, dirigida por uma diretoria executiva e um conselho curador, ainda que auditados pelo Tribunal de Contas.

Onde o bicho pega mesmo é no jornalismo. O desejo do governo é que as notícias chapas-brancas sejam veiculadas todas juntas, correndo o risco de perder espectadores. E os editores cuidam é disso mesmo: pautar a hierarquia das notícias, para uma cobertura balanceada. Nem estou me referindo à quinta-coluna, onde podem existir jornalistas tramando para que notícias sutis, contrárias ao governo do estado, sejam contrabandeadas na edição, como jabutis no Congresso.

Os exemplos de tentativas de interferências ainda estão na memória, quando o governador José Maria Marin (1982-83), sucessor e discípulo do célebre Paulo Maluf (1979-82), resolveu estatizar a FPA na marra, por meio de um decreto que tornava a fundação subordinada ao estado. Graças a um trabalho primoroso da equipe do então consultor jurídico da emissora, Fernando Fortes, o governo paulista foi derrotado em última instância, sendo 18 os membros que votaram pela permanência dos estatutos originais da FPA ("18 do Fortes", como foram chamados jocosamente), o que constituiu jurisprudência no assunto.

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