Mulheres heterossexuais fazem detox de relacionamentos com homens

Fazer um detox de homem, manter distância, dar um tempo. A prática de mulheres heterossexuais que, voluntariamente ou não, evitam se relacionar com o gênero oposto coincide com um movimento em ascensão em todo o mundo, o chamado "boysober", ou sobriedade de homens, em tradução livre.

Solteira há 11 anos, Raphaella Avena, 42, é jornalista e influencer e diz não ter, sequer, um contato mais íntimo, como um beijinho ou até mesmo uma relação sexual, há cerca de três meses. "Eu não tomei essa decisão do nada, simplesmente aconteceu por conta das opções de homens que temos hoje", afirma.

Com mais de 400 mil seguidores nas redes sociais, ela mantém uma página dedicada a mulheres com mais de 40 anos, a Quarentamos. Por lá, as principais temáticas abordadas são autocuidado, amadurecimento e sexo. "Gosto de mostrar que, nos dias de hoje, a vida da mulher não precisa ser mais voltada para filhos e marido. Falo com mulheres que querem ser independentes e priorizam, principalmente, o bem-estar e a independência financeira."

Nas redes sociais, aborda assuntos como a desconstrução do príncipe encantado. "Vivemos numa realidade em que as mulheres ainda acreditam que quem não tem um homem provedor é fracassada", diz.

São justamente pontos como carreira e autoconhecimento, somados a relatos de suas seguidoras sobre abuso, violência verbal e até agressões, que culminaram nas escolhas de Raphaella. Segundo ela, o fim de seu último namoro, quando tinha aproximadamente 30 anos, a ajudou a ser mais ativa no mercado de trabalho.

"Foi meio involuntário, não sei se coloquei minha vida profissional nesse meio ou se apenas foi coincidência", explica a influencer. "Num relacionamento, às vezes a gente perde muita energia porque a mulher se doa muito mais. Somos educadas para colocar a relação no centro da nossa vida", complementa.

Inspirada pela mãe, que terminou um casamento ainda no início dos anos 1990 para viver o sonho de conhecer o mundo, ela não teve medo de priorizar seus desejos e trabalhos. No total, Raphaella se recorda de seis relacionamentos ao longo de sua vida, mas o último levou sua autoestima no chão.

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"Eu achava que dependia de homem até para me satisfazer, mas depois descobri que não é bem assim", afirma, dizendo ainda que tinha preconceito com vibradores. O sexo entre homem e mulher era, na visão dela, muito tradicional e romântico.

Muitas mulheres se reprimem sexualmente durante relacionamentos por conta do machismo institucionalizado, segundo a médica da família e sexóloga, Regina Moura. "Em uma relação sexual, o homem não entende uma relação boa se não tiver orgasmo, diferentemente da mulher, que às vezes nunca nem experimentou."

A especialista acrescenta ainda que, quando a mulher decide ficar sozinha, a libido não depende, necessariamente, do contato sexual com outra pessoa. "Se você tem uma vida que te completa, você pode ou não ter desejo sexual. E você tendo desejo sexual, você pode se satisfazer por si só."

Um dos exemplos de liberdade feminina citada por Moura é quando uma mulher se torna viúva e, a partir dali, decide fazer as coisas que tinha vontade mas não fazia por conta do marido.

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