Nada vai deter lei para enviar migrantes a Ruanda, diz premiê do Reino Unido

Um dia depois de obter uma vitória no Parlamento do Reino Unido com a aprovação de uma lei que determina o envio de solicitantes de refúgio para Ruanda enquanto eles aguardam o processamento dos pedidos, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou nesta terça-feira (23) que nada vai impedi-lo de aplicar a nova regra.

"A aprovação desta legislação histórica não é apenas um passo adiante, mas uma mudança fundamental na equação global sobre migração", afirmou o premiê, para quem o texto deve "dissuadir migrantes vulneráveis de fazer travessias perigosas" e "quebrar o modelo de negócio das gangues criminosas que os exploram". "Estou certo de que nada nos impedirá de fazer isso e salvar vidas."

A posição defensiva é decorrente da repercussão da lei entre organizações da sociedade civil, que consideram a abordagem ineficaz e cruel. Nesta terça, por exemplo, a ONU pediu que o Reino Unido reconsidere o texto.

"A nova legislação representa mais um passo para longe da longa tradição do Reino Unido de fornecer refúgio a quem precisa, violando a Convenção sobre Refugiados", afirmou o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, em um comunicado.

Para Volker Türk, alto comissário para Direitos Humanos, a lei "prejudica seriamente o Estado de Direito no Reino Unido e estabelece um perigoso precedente global".

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Líder do Partido Conservador, Sunak estabeleceu como prioridade de sua gestão a agenda anti-imigração, popular entre os apoiadores de sua sigla. Nos últimos anos, o tema ganhou atenção crescente na Europa, onde o número de entradas irregulares tem aumentado.

Em 2023, houve aproximadamente 380 mil passagens em condições ilegais na União Europeia, segundo a agência Frontex, o que representa um aumento de 17% em relação a 2022 e é o maior número desde 2016, quando a cifra foi pouco superior a 500 mil devido a conflitos na Síria e no Afeganistão.

Uma das portas de entrada para o Reino Unido é o Canal da Mancha, que separa a nação da França e por onde 29.437 migrantes alcançaram as costas da Inglaterra —em 2022 a cifra foi de 45.774.

No mesmo canal, ao menos cinco migrantes morreram na madrugada desta terça, horas depois da aprovação da lei, tentando fazer a travessia. Os corpos encontrados na praia francesa de Wimereux são de uma menina de 4 anos, três homens com idades entre 25 e 40 anos e uma mulher na faixa dos 30 anos, informaram os bombeiros. A tragédia aconteceu por volta das 5h locais, quando um pequeno barco com mais de 110 pessoas saiu da praia, segundo a prefeitura local.

O ministro do Interior britânico, James Cleverly, disse que o governo está fazendo tudo o que pode para impedir travessias perigosas em pequenos barcos. "Essas tragédias precisam parar", disse ele no X.

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