Missão de segurança multinacional deve ser enviada ao Haiti em maio

Seis meses após ter recebido aval da ONU, a missão de segurança multinacional liderada pelo Quênia para ajudar o Haiti deve ser finalmente enviada ao país em maio, afirmou nesta sexta-feira (26) o chefe da diplomacia americana para América Latina, Brian Nichols.

A declaração ocorre um dia depois da posse do Conselho Presidencial de Transição, após mais de um mês de vácuo no poder com o anúncio da renúncia do então primeiro-ministro Ariel Henry. A falta de uma autoridade com quem negociar e a escalada de violência no país nesse período estão entre os motivos para o atraso do envio da missão.

Nichols afirmou que a posse do conselho de transição é um passo importante para a estabilização do país e destacou que ele simboliza a união de nomes de todo o espectro político haitiano. Nesta quinta, o aeroporto da capital, Porto Príncipe, voltou a funcionar, o que permitiu a chegada de ajuda humanitária, como alimentos e remédios, e equipamentos não letais para a força policial haitiana, disse o diplomata.

Países caribenhos, como Jamaica, já manifestaram interesse em contribuir com a missão liderada pelo Quênia. Nichols acrescentou que governos de outras regiões também sinalizaram apoio, como Benin e Argentina.

O Brasil, que liderou a Minustah, missão de paz da ONU no Haiti, já deixou claro que não pretende contribuir diretamente com pessoal, mas se dispôs a ajudar oferecendo treinamento e transporte de forças policiais da região do Caribe para a ilha. O Itamaraty, no entanto, esperava que outros países, como os EUA, contribuíssem com o financiamento da operação —o que Nichols sinalizou que não deve acontecer.

"Os esforços para ajudar a missão de segurança multinacional são cruciais, e nós esperamos que o Brasil consiga encontrar entre seus próprios recursos a capacidade de prover o transporte para os países do Caribe, assim como olhar criativamente para seus próprios recursos para talvez [ajudar com] equipamentos e financiamento para a força e outros projetos no Haiti, tendo em vista o tremendo alcance global do Brasil", afirmou o diplomata à 💥️Folha.

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Diferentemente da Minustah, a nova missão que será enviada ao país não é uma iniciativa oficial da ONU, apesar de ter obtido a chancela do Conselho de Segurança, e seu objetivo é apoiar a polícia do Haiti em vez de atuar independentemente.

Para Nichols, esse é um dos maiores diferenciais em relação a tentativas anteriores de estabilizar o país. Além do apoio à polícia local, em luta contra a violência de gangues, que dominam a capital, a missão internacional também pretende servir de apoio às instituições haitianas.

O país não realiza eleições desde 2016. Em 2023, o então presidente, Jovenel Moïse, foi assassinado a tiros. Desde então, o Haiti era comandado por Henry, cuja renúncia anunciada há pouco mais de um mês foi formalizada na quinta-feira. A ideia é que o Conselho Presidencial de Transição chegue a um consenso sobre a nomeação de um novo primeiro-ministro interino e entregue o poder a um governo eleito até 7 de fevereiro de 2026.

Nichols afirma que os EUA estão contribuindo diretamente com US$ 300 milhões para a missão neste início, com veículos, munições e outros equipamentos, além de participar da construção de uma base para abrigar as novas forças. Por isso, ele diz, a contribuição do país a um fundo criado para apoiar a missão multinacional é pequena —são cerca de US$ 6 milhões.

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