Governo tem que aprender a lidar com a extrema direita, pois será um longo inverno, diz Haddad em autocrítica

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que o governo do presidente Lula (PT) ainda patina na comunicação digital e no combate às fake news.

Nesta entrevista concedida em seu gabinete no Ministério da Fazenda, em Brasília, ele afirma que o governo quer uma "saída democrática" para o problema da disseminação de discursos de ódio em redes sociais, ao contrário de países que adotam saídas autoritárias, "proíbe e acabou".

Ao fazer um balanço do primeiro ano do terceiro mandato de Lula, ele diz ainda que o uso que opositores fazem da religião na política e o enfraquecimento do Estado laico é um elemento novo e desafiador para o petista e seus apoiadores.

Diz, no entanto, que "Lula é um produto da modernidade", e jamais vai colocar a sua fé em cima de um palanque.

Haddad ainda revela que Lula tinha "uma certa mágoa" de amigos que sumiram em "momentos difíceis", mas que tudo isso foi se diluindo nos primeiros meses de governo.

Afirma ainda que vê o petista "mais na vibração de governos anteriores do que estava no começo" da atual administração.

CLIQUE E LEIA TRECHOS DA ENTREVISTA

GOVERNOS LULA E BOLSONARO

💥️Lula tem já um ano e quatro meses na Presidência, sob o slogan oficial "União e Reconstrução", o que diz algo sobre o presente, mas não aponta para o futuro. Para onde caminha o governo Lula? Ou sua missão, como disse o ex-presidente do Uruguai José Mujica a Gabriel Boric quando ele foi eleito presidente do Chile, é apenas a de segurar o barranco para ele não despencar? O que é pouco, apesar de exigir um grande esforço? 
O presidente Lula está reconstruindo muita coisa que estava em decomposição. Há um esforço de reorganização do Estado e de políticas públicas que é notável. O Ministério do Meio Ambiente estava liquidado, o da Saúde era negacionista, a Ciência e Tecnologia vivia um descalabro.

Há também as instituições. Eu não quero viver em uma ditadura.

Talvez tudo isso que estamos fazendo não apareça em um primeiro momento. Mas não é pouco.
Não houve propriamente um governo Bolsonaro que nos antecedeu. Ele terceirizou para o Legislativo e não governou.

A reforma da Previdência foi feita à revelia dele. Falavam coisas fantasiosas, que ela geraria uma economia de R$ 1 trilhão. Que mais R$ 1 trilhão seriam arrecadados em privatizações. Que haveria ajuste fiscal no primeiro ano de governo.

E o que aconteceu? Nada. O déficit em 2023 foi de quase R$ 1 trilhão.

Nós estamos muito analógicos nas redes sociais. O combate às fake news é um problema ainda para nós

Fernando Haddad

ministro da Fazenda

Agora, conversávamos muito sobre bobagens. Vacina versus jacaré. Imposto do jetski.

Eu estou discutindo uma reforma tributária depois de 40 anos [de expectativas].

Qual é o termo de comparação? Pelo amor de Deus.

REDES E DESINFORMAÇÃO

💥️O governo tem problema de comunicação, como se repete, ou político e de coordenação? 
Eu concordo com os críticos que dizem que nós ainda estamos muito analógicos nas redes sociais. O combate às fake news é um problema ainda para nós.

Eu às vezes recebo relatório de [publicações em] redes. O grau de desinformação é muito grande.

O Lula não viveu isso nos oito anos de seus governos anteriores. Ele próprio fala: "Nós não temos engajamento? Mas como é que é isso?".

[Explicam ao presidente] "É que isso é patrocinado, tem dinheiro de fora, tem dinheiro daqui, tem dinheiro de lá".

O mundo inteiro está enfrentando esse fenômeno. O ministro de Finanças da França, Buno Le Maire, me disse que a extrema direita lá está crescendo nas redes sociais.

Não é por acaso que os extremistas defendem a possibilidade de disseminação de fake news sob o manto da liberdade de expressão. Eu vejo muita loucura nas redes.

O que você está lendo é [Governo tem que aprender a lidar com a extrema direita, pois será um longo inverno, diz Haddad em autocrítica].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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