Ministro espanhol insinua que Milei seja usuário de drogas e causa rixa com governo argentino

A declaração de um ministro espanhol insinuando que o presidente argentino Javier Milei tenha feito uso de drogas causou neste sábado (4) uma enxurrada de acusações de Buenos Aires direcionadas ao primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

O atrito começou com os comentários do ministro dos Transportes da Espanha, Óscar Puente, que nesta sexta-feira (3) disse que o presidente argentino havia feito uso de "substâncias".

"Vi Milei na TV", disse o ministro durante conferência organizada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). "E quando saiu (...) não sei se foi antes ou depois de ingerir substâncias (...) eu disse: 'É impossível que ganhe as eleições'", declarou.

"Há pessoas muito más que, sendo elas mesmas, chegaram ao topo", afirmou, citando Milei e o ex-presidente dos EUA Donald Trump.

As declarações de Puente, nomeado ministro em dezembro, provocaram uma reação imediata da Presidência argentina, que fez acusações contra Pedro Sánchez por meio da rede social X.

"Sánchez (...) colocou em perigo a classe média com as suas políticas socialistas que só levam pobreza e morte", disse.

Buenos Aires acusou o premiê de ter "comprometido a unidade do Reino, concordando com os separatistas e levando à dissolução da Espanha", em uma referência ao acordo político do PSOE com os partidos independentistas bascos e catalães para formar um governo em 2023.

Na ocasião, a legenda socialista conseguiu a aprovação no Congresso de uma lei de anistia para os separatistas que participaram da tentativa de secessão da Catalunha em 2017, o que gerou polêmica por parte da oposição de direita e de ultradireita.

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Além disso, a Presidência argentina acusou Sánchez de ter "problemas mais importantes para resolver, como as acusações de corrupção que recaem sobre a sua mulher", Begoña Gómez, investigada por suposto tráfico de influência e corrupção.

A apuração, que se encontra sob sigilo, foi aberta após uma denúncia da associação Mãos Limpas, grupo relacionado à ultradireita. O Ministério Público pediu arquivamento, mas o juiz responsável pelo caso ainda não se manifestou.

A acusação levou Sánchez a questionar a sua continuidade no governo, mas posteriormente o presidente confirmou que permaneceria no cargo e garantiu em uma carta que as denúncias eram "tão escandalosas quanto falsas".

Em resposta, a chancelaria espanhola disse refutar o comunicado argentino, mas evitou escalar a rixa. "O governo da Espanha rejeita categoricamente os termos infundados da declaração emitida pela Presidência da República Argentina, que não correspondem às relações de dois países e povos irmãos", diz o texto. "O Governo e o povo espanhol continuarão mantendo e reforçando os seus laços fraternos e as suas relações de amizade e colaboração com o povo argentino, vontade compartilhada por toda a sociedade espanhola."

Milei embarcará dentro de duas semanas para a Espanha, onde participará, como fez em 2022, de um evento organizado pelo partido de ultradireita Vox, em 18 e 19 de maio. Durante a visita, ele não deve se encontrar com Sánchez nem com o rei, Felipe 6º.

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