Feira Preta atrai empreendedores da moda à tecnologia e grandes marcas por diversidade

O festival Feira Preta, que começou nesta sexta-feira (3) no parque Ibirapuera, zona sul da capital paulista, atraiu empreendedores negros em áreas que vão da moda à aviação civil e tecnologia, além de grandes marcas que buscam ganhar público consumidor a partir da diversidade.

O evento chega à sua 22ª edição buscando também se firmar como polo de encontro de artistas e da cultura afro-brasileira, contando com três palcos para shows, desfile e outras ações.

A feira ocupa vários prédios do parque, entre eles o Planetário; o Pavilhão da Bienal (com estandes de negócios comandados por pessoas negras, com vendas de roupas, livros, brinquedos, serviços de impressão e até viagens e cursos de comissário de bordo); e o Museu Afro-Brasil, onde acontecem palestras e um desfile —o museu não cobrará ingressos durante o festival.

Ariadna da Mata, 37, estreante no evento e chefe da "Negrita Arteira", loja de brinquedos infantis com foco na representatividade, afirmou ver a feira como uma oportunidade de fazer novas conexões e alavancar sua marca, existente há 10 anos.

"Em todas as feiras que eu vou com essa temática, o objetivo é justamente o de emancipar. Os empreendedores negros, o povo negro em geral, fortalecimento", diz.

A dupla Laiara Amorim e Jivarros Cruz, ambos com 36 anos e fundadores do "Quilombo Aéreo", que visa capacitar pessoas negras para ingressar na aviação civil, afirmaram ver o festival como ponto para ampliar os negócios em um mercado com muita dificuldade para ingresso de pessoas negras.

Segundo eles, a ideia da iniciativa é capacitar e integrar pessoas negras para mitigar os efeitos do racismo presente na aviação civil tanto para o tripulante em revistas aleatórias, por exemplo, quanto para os funcionários ao redor, que são a minoria.

"[Queremos] mostrar a todo mundo que existem tripulantes pretos, que a gente está aqui e que a gente está movimentando a sociedade e a aviação como um todo para trazer esse tema", disse Cruz.

Em entrevista após a cerimônia de abertura do evento, a fundadora do PretaHub e organizadora da feira, Adriana Barbosa, afirmou ver importância no uso do festival como uma forma de fortalecer as relações entre empreendedores, grandes empresas e a cultura negras.

"A gente está falando de empregabilidade de pessoas pretas, o dinheiro está circulando na mão de pessoas pretas", disse ela.

Barbosa ainda ressaltou a presença da tecnologia e inovação no evento —neste ano o festival conta com presença no metaverso e com o lançamento oficial do jogo "Zumbi dos Palmares", formulado no Fortnite e anunciado em novembro passado.

O game busca dar imersão e, com isso, ajudar com que mais pessoas conheçam melhor a experiência vivida no quilombo dos Palmares. Além disso, traz para dentro do mundo dos jogos eletrônicos personagens e narrativas sobre pessoas negras.

Também foi assinado acordo de pesquisa pela PretaHub para compreender as demandas do empreendedorismo feito por pessoas negras, especialmente mulheres, em cinco países: Brasil, Argentina, Peru, Colômbia e Panamá.

A Seda, marca da Unilever e uma das patrocinadoras da feira, lançou no evento uma linha inteira de produtos para cabelos cacheados e crespos, buscando se firmar como fiadora da diversidade nesse setor.

Ainda, o MercadoLivre entregou maquininhas aos expositores da feira, comandando os pagamentos no evento, e a marca de salgadinhos Doritos venderá seus produtos no festival com uma embalagem exclusiva.

No braço cultural do festival, há três palcos: Asë (palavra em Iorubá que significa "poder"), Ginga e Orí (também em Iorubá, que significa "cabeça", em referência ao local onde estão abrigados os orixás de cada um em religiões de matriz africana). Artistas como Preta Gil, Mart'Nalia, Leci Brandão, Luedji Luna e Majur se apresentam.

Realizado no Parque Ibirapuera desta sexta até o domingo (5), o evento reunirá 147 negócios dirigidos por pessoas pretas e pardas. Entre as áreas estão tecnologia, bem-estar, papelaria, moda, gastronomia e serviços.

Nesta sexta-feira (3) a entrada foi gratuita e exclusivamente para empreendedores negros. Os outros dois dias, no sábado (4) e domingo (5), são pagos, mas contam com áreas gratuitas.

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