A greve dos professores nas universidades federais é necessária? NÃO

"Não parou por quê? Por que não parou?" Há duas semanas essas perguntas reverberam na UFRJ, maior universidade federal do país e uma das oito em que os docentes optaram por não aderir ao movimento que paralisa outras instituições desde o dia 15 de abril. Por 546 votos a 272, os professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro seguiram a indicação do sindicato local e rejeitaram a greve. Pois bem: por que não paramos?

A resposta exige que enfrentemos um debate difícil, porém necessário. A universidade pública brasileira está numa encruzilhada. De um lado, traduz um vibrante projeto democrático de produção científica e de criação de um futuro melhor. Do outro, padece de recursos: sua infraestrutura clama por reformas, e os salários de professores e técnicos acumulam perdas financeiras. Para resolver esse paradoxo, a comunidade acadêmica construiu duas soluções antagônicas.

A primeira é uma ferramenta histórica e potente dos movimentos sociais: a greve por tempo indeterminado. Seus méritos estão amalgamados com a história da esquerda no Brasil e incluem vitórias significativas, como mudanças curriculares, respeito à autonomia universitária e ganhos salariais. Seus deméritos, no entanto, estão no presente.

Greves longas esvaziam os campi, deixam nossos prédios já sucateados ainda mais vulneráveis pelo desuso e se desconectam de quem mais precisa da universidade: a sociedade em geral, e o estudante pobre em particular. Hoje, graças à política de cotas, os alunos pretos e periféricos ocupam mais de 50% das vagas na graduação. São diversos, são muitos e têm pressa. De se formar, de trabalhar, de mudar de vida. Deixá-los sem aula é deixá-los sem futuro. É também abrir a guarda para o retorno do negacionismo e do ódio ao conhecimento.

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