Chuva no RS atinge mais de 8.000 famílias indígenas; guaranis dizem que Dnit destruiu suas casas

Pelo menos 8.021 famílias indígenas foram atingidas, direta ou indiretamente, pelo desastre climático no Rio Grande do Sul, segundo o Ministério dos Povos Indígenas e da Funai (Fundação dos Povos Indígenas do Brasil). E lideranças guarani dizem que o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) destruiu suas casas estavam, enquanto eles se abrigavam das chuvas longe do local.

A acusação contra o órgão, que faz parte do Ministério do Transportes, foi feita pela CGY (Comissão Guarani Yvyrupa), pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que também organizam uma vaquinha para os atingidos.

Segundo relatado pelos indígenas guarani-mbya, na última sexta-feira (3) agentes do Dnit entraram em um acampamento da comunidade, que havia sido evacuado em razão das tempestades. Enquanto os moradores aguardavam em um abrigo estadual, o órgão teria destruído casas no local.

O caso aconteceu em uma tekoa (como os Guarani chamam seus acampamentos) da comunidade Pekuruty, que fica em Eldorado do Sul (RS).

Vídeos publicados nas redes mostram escavadeiras funcionando no local do acampamento. Segundo o cacique da comunidade, Estevão Garai, os indígenas não autorizaram a derrubada da moradia.

"Após a saída das famílias guarani da comunidade Pekuruty, o Dnit destruiu suas edificações às margens da BR-290, sem qualquer consulta ou justificativa", diz um comunicado conjunto entre Cimi e CGY.

A tekoa fica às margens da BR-290, e os guarani vivem no local há 15 anos, enquanto reivindicam territórios.

A demanda é em reparação pela construção da estrada, a exemplo do que aconteceu com a BR-116, na qual as comunidades foram compensadas pelos impactos do empreendimento —segundo eles, ambas as vias cortam territórios sagrados e de trânsito de seus povos.

Procurado pela 💥️Folha, o Dnit afirmou que "trabalha para recuperar a trafegabilidade da rodovia" e que tem "compromisso com a preservação da vida e recuperação imediata da infraestrutura".

"Vale destacar que esta é uma ação emergencial de implantação do um novo sistema de drenagem com quatro galerias pluviais em concreto e recomposição da pista. O trabalho de urgência visa ao restabelecimento de um corredor logístico para garantir o abastecimento, operações do sistema de saúde e demais necessidades", completou o órgão, em nota.

"Apesar disso, que nós possamos ficar bem. Pela vontade de Nhaderu [divindade criadora do mundo], vamos ficar bem", afirmou o cacique Estevão Garai.

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