Jornalistas da TV estatal da Itália param por suposta interferência do governo

Jornalistas da emissora estatal italiana RAI fizeram uma greve de um dia nesta segunda-feira (6), acusando o governo de direita da primeira-ministra Giorgia Meloni de sufocar a liberdade de expressão.

A influência política sobre a RAI é um tema antigo na Itália, mas o sindicato dos jornalistas diz que a situação piorou desde que Meloni assumiu o cargo, no fim de 2022.

"Sempre lutamos contra todos os esforços para calar a liberdade de expressão, mas quero deixar claro que o que vem acontecendo nos últimos meses é sem precedentes", disse Vittorio di Trapani, jornalista da RAI e chefe da FNSI (Federação Nacional da Imprensa da Itália).

A RAI rejeitou as reclamações, acusando os sindicatos de realizar uma greve politicamente motivada e dizendo que a empresa não impôs censura a seus funcionários.

Apesar da manifestação, os programas de notícias do horário do almoço nos dois principais canais de TV da RAI foram ao ar normalmente, enquanto o canal de notícias 24 horas, RAI24, transmitiu programação em grande parte pré-gravada.

A questão da censura ganhou destaque no mês passado, quando um monólogo do escritor Antonio Scurati, programado para coincidir com as comemorações do fim do domínio fascista em 1943, foi abruptamente cancelado pela RAI.

Scurati, que escreveu romances históricos sobre o ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945), usou o texto para criticar o partido de Meloni por não repudiar suas raízes pós-fascistas.

Funcionários da RAI e da gestão Meloni negaram ter censurado o monólogo. Buscando acalmar a polêmica, a primeira-ministra posteriormente publicou o texto em sua própria página do Facebook.

ÍNDICE BAIXO DE LIBERDADE

A classificação da Itália no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa, elaborado pela organização Repórteres Sem Fronteiras , caiu este ano para o 46º lugar, cinco posições abaixo de 2023, em meio a preocupações com a crescente influência do governo sobre a mídia e uma recente onda de processos judiciais movidos por políticos contra jornalistas.

A RAI tem a maior operação de notícias na Itália, produzindo vários programas de notícias ao longo do dia para televisão, rádio e plataformas de internet.

A emissora também costuma ser alvo de favorecimento político. Os membros de seu conselho, nomeados pelo Parlamento e pelo governo, são escolhidos de acordo com a filiação partidária. Propostas para tornar a emissora mais independente têm sido discutidas há anos, mas nunca avançaram.

Desde que Meloni assumiu o cargo, vários apresentadores deixaram a RAI, apontando para uma intromissão do governo, e críticos expressaram preocupação com a legislação apresentada por sua coalizão governante para aumentar as sanções por difamação.

"Isso não é apenas um problema para a RAI. É um problema de liberdade de imprensa no país", disse Daniele Macheda, chefe do sindicato Usigrai.

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