Gabinete de Netanyahu corta sinal e fecha operação da emissora Al Jazeera em Israel

O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu decidiu neste domingo (5) encerrar as operações da Al Jazeera em Israel enquanto a guerra na Faixa de Gaza continuar, sob a alegação de que a rede de televisão fundada no Qatar ameaça a segurança nacional de Israel.

A polícia israelense invadiu um quarto de hotel em Jerusalém usado pela Al Jazeera como seu escritório, de acordo com informações fornecidas por um funcionário do canal à agência de notícias Reuters. Em imagens veiculadas nas redes sociais é possível ver policiais à paisana desmontando equipamentos de câmera.

"O canal de incitação Al Jazeera será fechado em Israel", postou Netanyahu nas redes após a votação unânime do gabinete. A decisão, disse o comunicado, inclui o fechamento dos escritórios, a apreensão de equipamentos e o bloqueio do site e do canal a cabo e via satélite.

A ação, entretanto, não menciona as operações da Al Jazeera na Faixa de Gaza —Tel Aviv critica a cobertura da rede qatari, considerada pró-Palestina.

A Al Jazeera rejeitou as acusações e afirmou que a decisão é uma "mentira perigosa e ridícula" que coloca seus jornalistas em risco. A emissora informou que tomará medidas legais para reverter o fechamento.

A rede é financiada pelo emirado do Qatar e tem sido crítica à operação militar que Israel conduz em Gaza, de onde faz transmissões ao vivo. A emissora já havia dito anteriormente em um comunicado no início de abril que o esforço do governo israelense de fechar o canal "faz parte de uma série de ataques sistemáticos de Israel para silenciar a Al Jazeera".

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Segundo a TV qatari, autoridades israelenses têm como alvo e mataram deliberadamente vários de seus jornalistas, incluindo Samer Abu Daqqa e Hamza AlDahdooh, ambos mortos por bombardeios em Gaza durante o conflito. Israel rejeita a acusação.

Até a última sexta-feira (3), o Comitê para Proteção de Jornalistas contabilizava 97 jornalistas e funcionários de mídia mortos em Israel e nos territórios palestinos ocupados —Gaza e Cisjordânia— desde o início da guerra. A cifra representava quase quatro vezes o número de profissionais de imprensa mortos na região nos últimos 30 anos —de 1992 a 2022, foram 25.

O Parlamento de Israel ratificou no mês passado uma lei que permitia o fechamento temporário em Israel de emissoras estrangeiras consideradas como ameaça à segurança nacional.

"O fundamento dessa decisão [de fechamento] não é profissional ou jornalístico... é político", disse Waleed Omari, chefe de escritório da Al Jazeera em Israel e nos territórios palestinos.

A lei permite que Netanyahu e seu gabinete de segurança fechem os escritórios da rede em Israel por 45 dias, período que pode ser renovado; portanto, poderia permanecer em vigor até o fim de julho ou até o término das principais operações militares em Gaza, caso ocorra antes.

O Qatar criou a Al Jazeera em 1996 e vê a rede como uma forma de fortalecer sua projeção internacional. O país é um dos mediadores de uma nova tentativa de negociação para cessar-fogo que poderia interromper a guerra em Gaza.

Não é a primeira vez que Netanyahu tenta suspender a transmissão da emissora no país. Em 2017, durante grandes protestos de árabes-israelenses, ele ameaçou fechar o canal, afirmando que "incitava a violência" das manifestações.

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