Sobre os ataques a Monteiro Lobato

Monteiro Lobato (1882-1948) vem sendo sistematicamente atacado por grupos identitários. Daí a importância do colóquio organizado pela Academia Paulista de Letras ("Censura e Literatura Infantojuvenil", nesta quinta-feira, 9, das 9h às 17h).

O evento, que tem como público-alvo professores da rede pública e privada, editores, escritores, bibliotecários e livreiros, ocorrerá na sede da academia, no centro de São Paulo, e é aberto ao público interessado. Contará com a presença de, entre outros, Mauricio de Sousa, Ruth Rocha e Ana Maria Machado.

Verdade que Monteiro Lobato fez a apologia à Klu Klux Klan e foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo. Verdade que Louis-Ferdinand Céline foi antissemita e colaborou ativamente com a ocupação nazista. Mas a obra dos dois é incontornável e não pode ser julgada a partir de suas biografias. Como dizia Proust, a obra literária não é o produto de um eu social, mas de um eu artístico. Não faz sentido banir Monteiro Lobato das leituras escolares. Basta contextualizar as passagens racistas e criticar.

No artigo "Rememórias de Emília" (28/6/98), publicado nesta 💥️Folha, Otavio Frias Filho (1957-2018) enfatizou o fato de Lobato ter eliminado da sua obra a relação de parentesco direta —que gera obrigação— e ter se valido da relação indireta com avós, tios e primos. Como resultado, o "Sítio do Picapau Amarelo" é regido pelo princípio do prazer. Por isso, os personagens do sítio, que convivem com criaturas fantásticas, continuam presentes no imaginário infantil brasileiro.

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