Biden e as universidades

Como seria previsível, a crise que engolfa as universidades americanas invadiu a disputa entre Joe Biden e o seu antecessor, Donald Trump, pela Casa Branca.

Ao longo da semana passada, os protestos de estudantes e de ativistas contrários ao apoio americano à guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza se avolumaram.

Cenas de policiais entrando em campi para deter os manifestantes se multiplicaram, evocando os confrontos que convulsionaram os Estados Unidos no fim dos anos 1960, quando os estudantes eram recrutas em potencial para a inglória Guerra do Vietnã.

Por óbvio, a situação atual é diversa, e é a fronteira entre a liberdade de expressão e os arroubos de racismo antissemita notados nos protestos que apresenta desafios a quem tem de lidar com a questão.

Em meio a mais de 40 universidades afetadas e de 2.200 presos, a conta chegou à mesa de Biden. A oposição republicana, com seu candidato no banco dos réus em Nova York a defender a polícia, fustiga o democrata pela alegada leniência com transgressões.

Obrigado a se posicionar, o presidente optou por um breve e ponderado comentário, no qual uniu a defesa do dissenso ao repúdio à violência e à supressão dos direitos do corpo discente.

É incerto o eventual impacto eleitoral da crise. Governos americanos apoiam Israel de forma mais ou menos convicta desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e o de Biden não é uma exceção.

O democrata elevou o tom contra o prolongamento exorbitante do conflito e sua desproporção, a cargo do premiê Binyamin Netanyahu —de resto um congênere de Trump na direita populista. Isso dito, Biden não alterou em nada a política americana no conflito.

O problema para o presidente é que os manifestantes, jovens, são seus presumidos eleitores. Mesmo que claramente rejeitem o adversário, podem perder a disposição de comparecer às urnas.

Numa corrida apertada, em que até aqui o republicano tem vantagem, margens mínimas podem garantir a vitória. Todo estrato é importante para os estrategistas.

A inflexão de Biden também é cautelar. A convulsão dos anos 1960 levou à conservadora e polarizante era Richard Nixon, que influi ainda hoje na política americana.

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