Vini Jr deve voltar ao Brasil e virar lei

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Maria Ribeiro

Porque só gritar não é suficiente. E isso o rapaz de São Gonçalo, ele próprio, já vem fazendo. No Twitter, disse que queria "ações e punições". Que não se comoveria com hashtags. Ancelotti, o técnico, que até então seguia a cartilha de sempre — a de "deixar pra lá" — foi na mesma linha. "Há um problema em La Liga". Pronto: um mais um é igual a milhões. A matemática das revoluções é outra.

São pessoas que mudam as coisas. Que decidem fazer de outro jeito. Que resolvem "que não é assim porque sempre foi e pronto". Até a Copa de 70, não havia os cartões vermelho e amarelo. Até 2016, não havia VAR. Até 21 de maio, não havia Vini. Não desse jeito. Acho que a data pode ser "antes e depois". E não só para o mundo do futebol. E claro que a FIFA merece todos os dedos apontados em sua direção. Mas o que, em nós, se assemelha a ela?

Falo por mim. Sempre me considerei antirracista. Meus amigos, no entanto, discordam. Príncipe do Gueto, um dos faróis que me guia na discussão, tem por hábito questionar seguidores em seu Instagram. Não dá para ser antirracista e gostar da família real, ele diz. Príncipe tem razão. Diante de uma abolição que ainda não foi feita, como ficou evidente no estádio Mestalla, há que se pensar em quem chamamos de rei.

Tenho dois filhos: um de 20; outro, de 13. Um é Fluminense; o outro, Flamengo. Os dois são torcedores praticantes. Já eu sou tão tricolor quanto católica. Jogos são uma constante na TV da minha casa. Quem gosta de futebol costuma acompanhar não apenas seus times, mas grandes jogos. Morro de inveja deles. Nunca vi um esporte ter tanto campeonato.

No último domingo, meu caçula foi ver o Flamengo no Maracanã. O time havia ganhado, mas Bento chegou em casa chateado. As imagens de Vinicius Jr chorando, a violência do árbitro que o expulsou com um cartão vermelho, era só isso que importava. Qual o sentido do VAR se não o de fazer justiça?

Ontem, no Mercado Livre, a figurinha de Vini do álbum da Copa de 2022 estava custando 32 reais. Daqui a cinquenta anos, desconfio que vai valer muito mais. Vinicius Jr deveria virar lei, livro, bandeira, camiseta, passeatas, autocritica, feriado. Maio acaba de ganhar uma nova data na luta por nossa mais importante ferida.

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