Música sertaneja, rodeio e desmatamento na Amazônia

"Isso aqui tudo ao redor era mata", lembra Manoel dos Santos, que está na região desde os tempos da corrida do ouro de Serra Pelada. "Parauapebas não existia, Curionópolis não existia", diz, citando algumas das muitas cidades que cresceram naquela parte do Pará. "Era caititu, anta, tatu, paca, veado-mateiro. No começo, as pessoas se sustentavam só com carne de caça."

Reza durante cavalgada em Canaã dos Carajás, Pará - Ricardo Teles - Ricardo Teles perdeu 46 milhões de hectares de floresta, a maior parte convertidos em pastagens para gado.

No início, nos anos 1970 e 1980, a expansão da criação de gado na região amazônica brasileira era limitada a grandes fazendeiros que se estabeleceram na Amazônia Oriental, nos estados de Pará e Mato Grosso, graças à especulação fundiária, crédito e incentivos governamentais.

Atualmente, são os filhos e netos dessa geração de fazendeiros e seus funcionários que estão envolvidos na pecuária, uma das poucas opções de trabalho na região.

Queimada para fazer pasto no município de Tucumã (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles

Inicialmente, a criação de gado na Amazônia era altamente rentável, devido aos generosos incentivos e subsídios governamentais que estimulavam essa atividade. Embora muitos desses incentivos tenham sido cortados posteriormente, novos estímulos surgiram, o que impulsionou a expansão da criação de gado por toda a Amazônia.

Em 2004, o Brasil se tornou o principal exportador global de carne, com o crescimento impulsionado pela produção amazônica, que aumentou dez vezes mais rápido do que a média nacional nos anos 1990.

Fazenda Umuarama, de pecuária de ponta, em Canaã dos Carajás (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles 25% do rebanho bovino nacional.

Ocupação especulativa

E quem está na linha de frente do desmatamento na Amazônia é justamente o peão de boiadeiro, chamado na região de tropeiro, cujas habilidades no manejo do gado são celebradas anualmente em rodeios como o de Canaã dos Carajás. Para Paulo Barreto, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), o tropeiro amazônico é o principal agente do chamado "desmatamento prematuro".

Segundo Barreto, "existem três fatores para se entender o desmatamento por razões econômicas. O primeiro é o interesse pela área de mata, se ela tem alguma atração agropecuária ou para a mineração. O segundo é se existem leis que protegem aquela área e se essas leis são realmente cumpridas. O terceiro é se o acesso à área é fácil. Se existe estrada ou rio que facilite a pessoa a chegar na área a ser desmatada. Na Amazônia, o desmatamento ocorre mesmo quando esses fatores não estão presentes. É um desmatamento prematuro onde áreas bem distantes são ocupadas por pessoas que acreditam que um dia a estrada vai chegar lá, as terras serão regularizadas e o terreno irá valorizar".

Tropeiros em Rio Verde (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Lida de gado em propriedade de produção extensiva em Curionópolis (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Queimada criminosa em Área de Proteção Ambiental do município de Anapu (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Peões rezam antes da competição de montar em touros durante rodeio em Canaã dos Carajás (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Os rodeios norte- americanos exercem influência direta nos da Amazônia; na foto, detalhe de peão em Curionópolis (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Desfile durante a cavalgada em Canaã dos Carajás (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Rainhas e princesas de comitivas de peões durante o rodeio em Canaã dos Carajás (PA) - Ricardo Teles - Ricardo Teles Esta reportagem foi originalmente publicada no site da Mongabay Brasil.

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