Chega de arroto e metano: por que a França quer menos vacas leiteiras no país?

Em síntese, 💥️o processo digestivo do gado libera metano, que vai parar na atmosfera pelo arroto dos animais. O maior problema é que o metano tem um potencial de aquecimento 25 vezes superior ao do CO2.

No setor leiteiro, mais da metade das emissões são deste gás perigoso.

"O resto das emissões são de protóxido de azoto e o consumo de energia, incluindo os fertilizantes usados na alimentação do rebanho", explica Jean-Baptiste Dollé, diretor do departamento de Meio Ambiente do Instituto da Pecuária. "Mas também devemos associar a estocagem de carbono da pecuária de leite, porque ao contrário das aves, por exemplo, o sistema digestivo dos ruminantes absorve carbono", destaca.

França lidera produção bovina na Europa

Entretanto, para o Tribunal de Contas francês, essa estocagem e a gerada pelas áreas de pasto natural estão longe de compensar o fato de que as emissões de metano da pecuária representam 45% do total de gases gerados pela agricultura.

A França é a maior produtora europeia de carne bovina e soma 17 milhões de cabeças de gado. Cerca de um quinto dos produtores do país já se comprometeu a descarbonizar a produção, número considerado ainda distante do suficiente.

💥️Uma das providências recomendadas pelo tribunal é baixar os números do rebanho para 15 milhões até 2035 e 13,5 milhões até 2050, prevendo que o consumo de carne vermelha pelos adultos também deverá cair.

A ideia é reduzir o rebanho em15 milhões até 2035 - Imagem de JackieLou DL via Pixabay - Imagem de JackieLou DL via Pixabay A ideia é reduzir o rebanho em 15 milhões até 2035

As outras pistas de ação vêm da pesquisa e inovação, com foco na alimentação dos rebanhos. Uma das maiores escolas superiores de Agronomia na França, AgroParisTech, desenvolve experimentos com diferentes regimes alimentares na Fazenda Experimental de Grignon, na região parisiense.

💥️No local, a média de emissões de gases de efeito estufa para um litro de leite já baixou dos habituais 1,2 quilo para 750 gramas.

"Nós vemos que os produtos que testamos no laboratório funcionam, mas precisamos testá-los na fazenda, para saber se, do ponto de vista biológico, também dão certo. Nós vimos que, para o metano, alguns experimentos funcionaram muito bem no laboratório, com queda de 50% das emissões deste gás, mas infelizmente na hora de testar na vaca, tivemos 0,0% de queda", afirma o diretor da fazenda, Dominique Tristant. "Em geral, apenas um teste a cada seis terá uma vida comercial viável", lamenta.

Regime facilita a digestão

Na região da Bretanha, a associação Bleu-Blanc-Coeur tem acompanhado os agricultores interessados em diminuir a pegada ambiental das criações de gado. Valentin Guillaumel, coordenador ambiental da iniciativa, orienta os produtores a incluir um composto de linho, canola e alfafa na alimentação das vacas.

"Tentamos encontrar uma fonte natural de ômega 3 além do encontrado no pasto, e as pesquisas demonstraram que o linho é eficiente. O ômega 3 pode reduzir as emissões porque a vaca consegue digerir melhor", salienta.

Ele explica que a ração é uma fonte de energia que a vaca ingere. "Uma parte dessa energia servirá para ela produzir leite e quanto mais a ração for eficaz, ou seja, quanto melhor ela a digerir, mais leite ela vai produzir e menos ela vai emitir metano. O metano é, na realidade, uma perda energética. A nossa ideia é reorientar alguns micróbios da digestão para reduzir o resultado de metano", complementa.

Outra pista para limitar as emissões do setor é o avanço das pesquisas genéticas, ainda em fase de desenvolvimento na França, para identificar os animais suscetíveis a soltar menos metano na digestão.

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