Árvores são removidas para entradas de caminhões em boom de prédios em SP

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No futuro, 💥a onda de construções deve afetar as árvores mais antigas do município, como a Figueira das Lágrimas, localizada no bairro do Sacomã, zona sul de São Paulo. A prefeitura calcula que ela tenha 240 anos e que, na Guerra do Paraguai (1864 - 1870), era o ponto de partida para soldados vindos do porto de Santos, quando muitos familiares choravam na despedida.

Figueira das Lágrimas (à esq.) em frente a área demolida para nova construção (à dir.) em 2023; pinheiro na calçada poderá ser afetada pela obra - Marcos Candido/ysoke - Marcos Candido/UOL

Avenida Rebouças por volta de 2017 vs 2023 - hoje, um prédio de storage (para guardar objetos) foi erguido no local

O corte, o transplante e a poda de árvores não fazem parte diretamente do pacote de novas regras. O serviço possui uma lei própria, mas as regras foram afrouxadas pelos vereadores nos últimos anos.

💥️Em 2023, a câmara municipal derrubou a obrigatoriedade da análise de técnicos da prefeitura para cortar, transplantar e podar árvores. Na nova regra, bastou somente uma notificação e um laudo feito por engenheiros agrônomos, ambientais ou de biólogos contratados por moradores que apontassem "emergência". Na época, o então vereador Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, foi um dos autores do projeto.

Em 2022, à frente da prefeitura, Nunes sancionou uma nova lei que manteve as mesmas permissões e também autorizou o corte de árvores em locais de construção ou onde elas sejam "fisicamente incontornáveis" para pedestres ou acesso de veículos, em calçadas ou em terrenos particulares, com laudos contratados de maneira particular.

A Secretaria do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo afirma que, em 2015, havia 650 mil árvores em São Paulo e que encomendou um novo estudo a ser divulgado até dezembro de 2024 para atualizar esse número.

No primeiro semestre de 2023, 8.430 árvores tiveram corte permitido pela prefeitura e, em contrapartida, 27 mil árvores foram plantadas por exigências de compensação ambiental. Em 2023, porém, houve uma queda no número de árvores plantada, que atingiu 78 mil em 2023 e foi reduzido para 14 mil em 2023, segundo a secretaria.

Achei que nunca iria dizer 'goodbye'

A reportagem de 💥️Ecoa recebeu relatos de derrubadas de árvores para criar entradas para caminhões e também esteve em bairros onde elas foram derrubadas para dar lugar a instalações temporárias para operários, como na rua General Irulegui Cunha, no Jardim Independência, zona leste de São Paulo.

Imagem da rua General Irulegui em 2023 e em 2023 (Google Street View)

Nesses casos, quando há um número maior de cortes de árvores, são exigidos obras de compensação, como o replantio do mesmo número de árvores em outro local apropriado, como explica Margareth Uemura, mestre em estruturas ambientais e urbanas especializada em desenho e gestão de território.

Segundo a especialista, daqui para frente é preciso exigir da prefeitura o monitoramento de árvores cortadas, podadas ou transplantadas no município e se haverá ampliação de parques, como previsto no plano.

A solução é fazer o transplante de árvores ou até mesmo a mudança de projetos que vão resultar no corte de mais árvores. 💥️Margareth Uemura, mestre em estruturas ambientais e urbanas especializada em desenho e gestão de território.

Rua Cristiano Viana, em Pinheiros, em 2017 e em 2023

Rosanne Brancatelli, ativista ambiental em Pinheiros, afirma que, além de árvores derrubadas nas vias, os novos prédios não possuem quintais. Muitas vezes, esses empreendimentos apresentam jardins que sequer têm contato direto com o solo.

"Um ou outro fez um terraço com jardim, mas não são públicos e não hidratam o solo", diz. "Os prédios tomaram lugar sem áreas verdes, ocupando ao máximo os lotes, da fachada ao fundo".

💥️Reportagem Marcos Candido | 💥️Edição Frederico Di Giacomo |

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