Fatores meramente pontuais elevam IPCA-15 de dezembro para 0,40%

As “surpresas” altistas capturadas pela pesquisa de preços realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para aferir o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de dezembro, medido entre os dias 15 do mês passado e 14 do presente mês, vieram principalmente de um setor extremamente volátil – passagens aéreas – e da perda de velocidade na tendência de baixa dos combustíveis em geral. O índice saiu de 0,28% nas quatro semanas de novembro para 0,40% no período de 30 dias finalizado em 14 de dezembro, sugerindo alguma aceleração no IPCA ao longo das duas primeiras semanas deste mês.

A depender do comportamento dos preços médios nas duas semanas finais do ano, a inflação oficial pode alcançar alguma coisa próxima ao limite contemplado pela política de metas inflacionárias, fixado em 4,75% para 2023. Pesquisas intermediárias, que adotam amostragem, periodicidade e metodologia diversas, sugerem, de toda forma, uma tendência de preços menos pressionados na quinzena final de 2023 – o que pode sinalizar um cenário mais positivo para o fechamento anual do IPCA. Numa avaliação mais geral, prevalece um cenário ainda benigno para a inflação, considerando que os chamados “núcleos” de preços, que excluem setores mais voláteis, assim como altas e baixas mais pronunciadas e ainda produtos que sofrem menor influência da demanda, continuavam bem-comportados.

Mais claramente e antes que aventureiros tomem a dianteira e passem a sugerir o contrário, não há motivos à frente para que o Banco Central (BC) interrompa prematura e impensadamente a decisão de continuar derrubando a taxa básica de juros – o que tem ocorrido a uma lentidão exasperante. Pelo contrário, o cenário de desaquecimento da economia neste segundo semestre indica que há largo espaço para acelerar aqueles cortes, de forma a injetar ânimo na atividade econômica e, sobretudo, para tentar estimular o investimento, sem riscos de recaídas inflacionárias.

Para Goiânia, o IBGE registrou igualmente aceleração, mas em ritmo mais intenso, já que a taxa mensal saiu de 0,31% no fechamento de novembro para 0,77% nos 30 dias encerrados em 14 deste mês. Pouco mais de 60% desse avanço podem ser debitados à conta da gasolina, que saiu de uma redução de 2,03% nos 30 dias de novembro para alta de 2,33% na quadrissemana terminada em 14 de dezembro. A energia residencial passou a pressionar menos, com elevação de 2,97% depois de saltar 6,13% em novembro, mas a alimentação no domicílio anotou aceleração, saindo de 1,51% em novembro para 1,90% entre 15 de novembro e 14 deste mês.

💥️Pressões relativas

As “pressões” sobre o IPCA-15 de dezembro, na prática, vieram muito mais da desaceleração no ritmo de queda dos preços de combustíveis, o que reduziu sua capacidade de compensar elevações em outros setores. Adicionalmente, embora continuassem a constituir um foco inflacionário, as passagens aéreas passaram mesmo a subir menos do que nas quadrissemanas anteriores. Para comparar, na média, os preços dos combustíveis chegaram a baixar 1,58% nas quatro semanas de novembro, “retirando” do índice geral algo como 0,1 ponto percentual. Dito de outra forma, o IPCA do mês passado tenderia a sair dos 0,28% efetivamente registrados para 0,29% com a exclusão dos combustíveis. Nos 30 dias finalizados em 14 de dezembro, a queda passou a ser de 0,27%, com contribuição de 0,02 pontos – quer dizer, sem os combustíveis, o índice geral praticamente não teria se alterado, recuando de 0,40% para 0,38%.

💥️Balanço

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