Distorções na armazenagem encarecem custos dos grãos

No ano passado, considerando sua capacidade estática total, a rede de armazenagem instalada no País conseguiu acomodar pouco menos de dois terços da safra total de grãos, na menor relação histórica entre disponibilidade de armazéns e produção, descreve Maria Fernanda Hijjar, sócia executiva do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). O Brasil colheu em torno de 319,82 milhões de toneladas de grãos para uma capacidade de armazenamento ao redor de 201,41 milhões de toneladas ao final de 2023, representando 62,98% do total produzido, segundo a série estatística da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), percentual que havia encerrado 2010 próximo a 92,80%.

“A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que um país deve ter a capacidade de armazenar pelo menos 1,2 vezes mais do que produz”, aponta Sergio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Nessa proporção, prossegue ele, “a agricultura brasileira teria que dispor de capacidade para armazenar 384,0 milhões de toneladas”, pouco mais de 90,0% acima do espaço disponível na rede brasileira de armazéns e silos. Os dados referentes aos últimos 13 anos, retoma Maria Fernanda, mostram um claro descolamento entre o aumento da safra e a evolução dos investimentos em armazenagem, causando problemas em cadeia para a agricultura brasileira.

No ciclo agrícola de 2009/10, aponta Elisângela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a produção chegou a superar a capacidade instalada em praticamente 10,8 milhões de toneladas, diferença ampliada neste ano em quase 11 vezes, para 118,4 milhões de toneladas. Nas contas de Thiago dos Santos, diretor de operações e abastecimento da Conab, enquanto a produção evoluiu a uma taxa média anual de 5,60% entre 2010 e 2023, acumulando um salto de 114,3%, a capacidade estática de estocagem de granéis variou 2,71% ao ano, fechando o período numa elevação ao redor de 45,5%.

💥️Sobrecarga

Entre outros impactos negativos, aponta Pedro Estevão, vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a falta de armazéns “onera o custo do transporte desde o agricultor até os portos”, ao sobrecarregar toda a logística de escoamento. O agricultor “é obrigado a vender seu produto logo após a colheita, por falta de local de armazenagem, num expediente sempre pernicioso”, já que a venda ocorre em um momento de baixa nos preços em função da oferta elevada. “Neste ano, tivemos na exportação prêmios negativos em relação a Chicago em decorrência deste acúmulo de oferta em tão pouco tempo”, constata Estevão.

💥️Balanço

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