Peru: o rito que revive a última ponte de corda inca no mundo

Q"eswachaka, no Peru - Geraint Rowland Photography/Getty Images

18/06/2023 14h24

Patrimônio Imaterial da Humanidade desde 2013, a ponte de Q'eswachaka é um monumental trançado de cordas feito a partir da q'oya (fibra vegetal obtida de uma planta que cresce nos Andes).

Durante semanas, quatro povoados da província de Canas, em Cusco, preparam os materiais para refazer a via de 29 metros de comprimento e 1,2 de largura, que servia para o trânsito de seus antepassados e que hoje é usada quase exclusivamente com fins turísticos.

"Toda a comunidade", mais de mil pessoas, contribuiu para a construção desta ponte, assinala Gregorio Huayhua, de 49 anos e membro da comunidade Huinchiri.

Passada a pandemia, os indígenas tentam recuperar o interesse dos visitantes para uma das tradições mais chamativas de Cusco, conhecida mundialmente, sobretudo, pela cidadela de Machu Picchu.

💥️Serpentes de q'oya

A golpes de foice, mulheres vestindo saias coloridas vão cortando a q'oya com a qual juntarão os feixes que serão mergulhados em um poço para finalmente esmagá-los com pedras.

Os deuses "nos punem se não renovamos [a ponte]. Aconteceria algo conosco. Jamais podemos nos esquecer da ponte", assinala Emperatriz Arizapana, uma camponesa de 54 anos da comunidade Huinchiri.

Sentadas à margem de uma estrada poeirenta, as camponesas começam a trançar as cordas.

Em questão de horas, formam serpentes grossas de q'oya que os homens carregam nos ombros por entre caminhos e escadas até o lugar onde a velha Q'eswachaka está prestes a cair.

Isso "levamos de geração em geração [...] desde os [tempos] pré-incas", orgulha-se Alex Huilca, um engenheiro civil de 30 anos, que guia os grupos de tecedores.

Em paralelo à ponte de corda, há outra de metal que as comunidades utilizam para comércio e transporte.

💥️Sacrifício

Sob o sol forte dos Andes peruanos, o xamã de uma das comunidades sacrifica um cordeiro como forma de pagamento aos deuses da terra e das montanhas.

Isso "para que não aconteça nenhum acidente durante a reconstrução", explica o xamã Cayetano Ccanahuari.

Os homens põem abaixo a antiga estrutura. Antes, passaram por ali, de um extremo a outro, as cordas mais grossas que servirão de base para a nova ponte. A estrutura da obra tem como base duas cordas que depois serão usadas como corrimão.

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