Indígenas pedem inclusão do cerrado na regulação da União Europeia

A regulação europeia que veta a importação de produtos resultantes do desmatamento entra em vigor no final deste ano, e indígenas brasileiros desejam que a legislação proteja também a região do cerrado.

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Os europeus "precisam saber de onde vem a soja, o impacto que tem na minha casa, porque o cerrado é a minha casa", afirma Eliane Xunakalo, enquanto segura seu cocar de penas brancas para evitar que o vento de Bruxelas arraste a peça delicada.

Presidente da Fepoimt (Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso), Xunakalo visitou Bruxelas com outros ativistas para pedir aos eurodeputados que modifiquem a lei para incluir a proteção do cerrado.

A lei, aprovada no ano passado, proíbe as importações de produtos como cacau, café, soja, óleo de palma, madeira, carne bovina ou borracha caso sejam procedentes de terras desmatadas após dezembro de 2023.

Mas a definição de floresta adotada na lei não inclui o cerrado, bioma do qual procede grande parte das importações europeias de soja.

A Comissão Europeia deve examinar este ano uma possível expansão para outros ecossistemas e produtos, mas para Xunakalo e outros ativistas a questão é uma emergência.

"Metade do cerrado já desapareceu", os prados e arbustos deram lugar a monoculturas de soja, cereais ou algodão, diz Isabel Figueiredo, da ONG Instituto Sociedade, População e Natureza.

Pouco conhecido fora do Brasil, o cerrado é a savana mais rica em biodiversidade de todo o planeta. Além de uma extraordinária variedade de plantas e animais, a região abriga nascentes que alimentam as bacias hidrográficas de todo o país. Isso rendeu o apelido de "berço das águas".

O cultivo de cereais em solos arenosos e pobres em nutrientes é rentável se a produção acontece em grande escala. Os agricultores, financiados principalmente por multinacionais como Cargill ou Bunge, investem de maneira considerável em irrigação artificial, fertilizantes e pesticidas.

Para transformar o cerrado em terra arável, as empresas utilizam técnicas que eliminam a vegetação nativa ou queimam a superfície que deve ser cultivada.

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