Entenda a invasão de embaixada do México no Equador em quatro pontos

Uma invasão policial sem precedentes de uma embaixada para deter um político refugiado acusado de corrupção. A incursão da polícia do Equador na representação diplomática mexicana no país, na noite de sexta-feira (5), gerou uma crise diplomática que coloca em perigo as relações equatorianas com a América Latina.

Agentes encapuzados a bordo de carros blindados entraram no local, que é protegido pelo direito internacional, para retirar à força o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas. O México anunciou que rompeu relações diplomáticas com o Equador.

Entenda, em quatro pontos-chave, o que se sabe sobre a operação na sede diplomática do México em Quito e as suas consequências.

Entenda a invasão da embaixada do México no Equador em 4 pontos

O conflito que escalou para a ruptura de relações diplomáticas começou com um comentário do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na quarta-feira passada, sobre a violência política no Equador e a suposta manipulação da mídia nas últimas eleições presidenciais.

Ele afirmou que nas últimas eleições, o assassinato do centrista Fernando Villavicencio em agosto fez a intenção de voto da esquerdista Luisa González, que liderava as pesquisas, cair.

O Equador respondeu expulsando a embaixadora Raquel Serur e o México aumentou a tensão ao conceder asilo ao ex-vice-presidente Jorge Glas (2013-2017), que estava sob uma ordem de prisão por suposto crime de peculato.

Quito acusa o México de intervir em seus "assuntos internos" ao conceder a Glas um asilo "ilícito". Além disso, considerou as declarações de López Obrador "muito infelizes", ao colocar "em dúvida a legitimidade das eleições de 2023", "banalizando o assassinato" de Villavicencio, disse no sábado a chanceler Gabriela Sommerfeld.

As imagens de policiais escalando as grades da embaixada mexicana e do chefe da missão, Roberto Canseco, sendo contido pelos agentes de segurança repercutiram no mundo.

Em um ato sem precedentes recentes, a força policial entrou na representação diplomática mexicana para capturar o ex-vice-presidente do mandatário esquerdista Rafael Correa, refugiado lá desde dezembro.

"Quebramos todos os protocolos do comportamento da diplomacia tradicional", comentou à AFP Roberto Beltrán, professor de gestão de conflitos da Universidade Técnica Particular de Loja.

O Equador havia antecipado que não permitiria a saída do país de Glas, que também cumpriu pena de prisão por seu envolvimento no escândalo de subornos da Odebrecht.

Após a incursão policial, o México pediu "garantias" para seus funcionários.

Glas está em uma prisão de segurança máxima em Guayaquil, no sudoeste do Equador.

Esta situação é um "escândalo internacional", disse à AFP o ex-embaixador equatoriano em Londres Mauricio Gándara, acrescentando que "será muito difícil que isso se reconstitua sem a intervenção de países amigos".

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O Equador foi alvo de repúdio e condenação internacional neste sábado. Entre mais de uma dezena de países latino-americanos, os governos de esquerda do Brasil, da Colômbia, da Venezuela e do Chile rejeitaram energicamente a incursão policial, assim como os governos de direita do Peru e da Argentina.

No X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu mensagem de apoio ao mandatário mexicano. "Toda minha solidariedade ao presidente e amigo López Obrador."

A Organização dos Estados Americanos (OEA) chamou de "improcedentes" as ações do Equador. Além disso, rejeitou "qualquer ação violadora ou que ponha em risco a inviolabilidade dos locais das missões diplomáticas".

A Nicarágua também decidiu cortar relações com Quito neste sábado (6).

A ruptura tem implicações "econômicas, diplomáticas, culturais". "Poderia levar o Equador a uma condenação regional ou geral, por assim dizer, e afetar consideravelmente sua balança comercial com o México e provavelmente com outros países", apontou Beltrán.

O especialista acrescentou que o distanciamento "é perigoso e pode retardar estratégias de cooperação", enquanto o Equador busca apoio para sua guerra contra grupos do narcotráfico associados a cartéis colombianos e mexicanos.

Tornado um centro logístico para o envio de drogas, o Equador sofre devido à disputa de poder entre as gangues. A violência elevou a taxa de homicídios no país de 6 a cada 100 mil habitantes em 2018 para o recorde de 43 a cada 100 mil habitantes em 2023.

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