Ação de comandante permitiu condecoração a Bolsonaro por ajudar soldado que se afogava

Ainda deputado federal, Jair Bolsonaro (PL) precisou contar com a benevolência do ex-comandante do Exército Enzo Martins Peri para conseguir a Medalha do Pacificador com Palma —uma das principais honrarias militares.

A condecoração foi entregue ao capitão reformado em 2018, por uma ação de 40 anos antes, em 1978, quando Bolsonaro ajudou a retirar da lagoa um soldado que se afogava.

A medalha é concedida para militares e civis que, em tempos de paz, tenham realizado "atos pessoais de abnegação, coragem e bravura, com risco de vida".

Os documentos internos do Exército, obtidos pela Folha, mostram que o processo de apuração do caso ouviu somente militares sugeridos por Bolsonaro em sindicância, que precisou da ajuda do general Enzo Peri para ser aberta.

O próprio Jair Bolsonaro pleiteou a medalha em setembro de 2013. Ele enviou um ofício ao então comandante do Exército, Peri, pedindo a abertura de um processo interno para avaliar a entrega da honraria.

No documento, Bolsonaro conta que em 1978, como aspirante a oficial, estava num acampamento com outros militares quando o soldado Celso Moraes Luiz se desequilibrou das cordas usadas para atravessar uma lagoa, caiu na água e começou a afundar.

"A par de não ter curso específico de salvamento e do afogando se tratar de pessoa com compleição física avantajada, não hesitei em, rapidamente, tirar os coturnos e a gandola e mergulhar na lagoa para tentar salvar o soldado", escreveu Bolsonaro.

O hoje ex-presidente disse que mergulhou pela primeira vez e não encontrou Celso submerso na água barrenta. "Entretanto, independente das condições adversas fiz a segunda tentativa e, felizmente, consegui localizá-lo e o conduzi até a margem."

O capitão reformado afirmou que foi "cumprimentado e elogiado por diversos militares" porque se expôs "a risco de vida para salvar um subordinado". Ele relatou ainda que o salvamento teve "grande repercussão" e poderia ser confirmado por oito de seus amigos, cujos nomes foram enviados em anexo.

O episódio ocorreu no 21º Grupo de Artilharia de Campanha, no Rio de Janeiro.

O despacho favorável à abertura do processo interno foi do chefe de gabinete do comandante do Exército, general Mauro Lourena Cid —pai do tenente-coronel Mauro Cid e colega de turma de Bolsonaro na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).

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