Governo Lula escala ministros para receber líderes evangélicos em meio a crise de popularidade

O governo Lula (PT) vai mobilizar a Esplanada dos Ministérios na missão de reagir contra a crise de popularidade entre os religiosos. Ministros de diferentes áreas serão escalados para reuniões com líderes evangélicos.

Esses encontros fazem parte da tentativa de diminuir a resistência desse setor da sociedade com o governo. A expectativa, segundo interlocutores de Lula, é a de que as agendas sirvam também como uma antessala para eventuais encontros do próprio presidente com lideranças de grandes igrejas.

Uma primeira reunião já está encaminhada, segundo integrantes do governo. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, deve encontrar lideranças religiosas ainda neste mês.

Em fevereiro, a pasta comandada por Nísia esteve no centro de desgaste com grupos religiosos devido a uma nota técnica sobre procedimentos de aborto legal. O ato acabou tendo seus efeitos suspensos após pressão de bolsonaristas.

Além de Nísia, devem receber evangélicos os ministros Camilo Santana (Educação), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência).

Os nomes desses religiosos, contudo, são mantidos sob estrito sigilo. Há um temor de que bolsonaristas, hoje preponderantes no mundo evangélico, possam promover uma fritura antes mesmo de que a iniciativa se concretize.

Também não há pauta específica. A escolha dos ministérios visitados vem sendo feita em conjunto entre os aliados do presidente e representantes evangélicos.

A avaliação de lideranças evangélicas aliadas do governo é a de que ainda faltam gestos. Mesmo o apoio de governistas na Câmara à PEC (proposta de emenda à Constituição) que amplia a imunidade tributária a igrejas é considerado insuficiente para angariar apoio nas cúpulas das igrejas, que mantêm conexão diária com importante parcela da população.

A realidade apareceu na última pesquisa do Datafolha: 33% consideram a gestão ruim ou péssima, contra 30% na pesquisa anterior, demonstrando oscilação negativa. Um recorte específico junto ao público evangélico mostra que a reprovação, antes de 38% em dezembro, subiu no terceiro mês de 2024 para 43%.

Uma liderança religiosa, reservadamente, traduziu o levantamento: a maioria dos evangélicos não se importa se a economia está indo bem, mas quer saber de princípios e valores cristãos.

O diagnóstico de interlocutores de Lula é o de que o chefe do Executivo é, sim, "um homem de fé". Precisaria deixar mais claro, no entanto, a influência cristã na sua vida.

Esse movimento, segundo relatos, não passaria por instrumentalizar a religião, tampouco misturá-la com política —o que o presidente buscaria ao evitar falar do tema publicamente.

A iniciativa das reuniões com integrantes do primeiro escalão do governo Lula é uma das consequências de um alerta feito por aliados do segmento evangélico há cerca de 15 dias.

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