Religiões de matriz africana mais presentes na fotografia são legado da luta negra, diz pesquisadora

O sagrado das religiões de matriz africana é tema cada vez mais frequente nas obras de jovens fotógrafos negros. São representações dos orixás, releituras de imagens sagradas, registros de rituais e a experimentação da estética dessas religiões que, devido ao racismo, foram apagadas por muito tempo.

O movimento é visto com bons olhos por Denise Camargo, artista visual e curadora, em cartaz no Centro Cultural Fiesp com a mostra fotográfica "E o Silêncio Nagô Calou em Mim".

"É incrível que estes temas surjam neste momento, não foi assim na minha época, eu demorei muito tempo para fazer essa travessia", afirma sobre a presença de temáticas da umbanda e do candomblé no trabalho de novos artistas.

Ela atribui o interesse pela valorização da ancestralidade a um legado positivo da militância. "Hoje eu posso de fato ser quem quem eu sou, e atuar como eu atuo, porque teve todo um movimento negro que propiciou essas ações afirmativas, e isso proporcionou a esse jovens o reconhecimento imediato da luta contra o racismo."

Professora do departamento de artes visuais da Universidade de Brasília, Denise retrata o cotidiano do candomblé desde os anos 1990. "Fui entrando pelas veredas dessa religião na mesma proporção em que eu fui me reconhecendo como uma mulher negra", conta.

Denise trabalhou como fotojornalista, fez mestrado e depois, durante o doutorado, encontrou as ferramentas que procurava para contar sua história. Ela afirma tratar em seu trabalho da descoberta do que significa ser uma mulher negra no Brasil, a partir da sua conexão com a religião.

"Fui entender que queria contar uma história que era minha. Da descoberta dessa identidade que estava adormecida em mim desde a infância, desde o trajeto que eu fazia com minha madrinha até a casa de ervas e artigos para o candomblé que tinha no bairro [onde cresci], na periferia de São Paulo, e o quanto tudo aquilo estava impregnado em mim."

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