Brasil diz que Equador fez pior que ditaduras ao invadir embaixada do México

Em sua reprimenda mais dura até aqui, o Brasil afirmou que o Equador cruzou uma linha vermelha quando invadiu a embaixada do México em Quito para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas.

"Nem nos piores e nos mais sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente o direito à inviolabilidade dos locais de missão diplomática foi violado", disse a diplomacia brasileira em um debate nesta terça-feira (9) na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Os países-membros da organização negociam uma resolução simbólica que condene a ação do governo do presidente Daniel Noboa contra o serviço diplomático mexicano —um movimento que surpreendeu a toda a vizinhança e despertou uma onda de condenações.

O discurso da posição brasileira, lido pelo embaixador Benoni Belli ao Conselho Permanente da OEA em Washington, diz que "a medida levada a cabo pelo governo equatoriano constitui grave precedente, atinge em cheio um princípio fundamental das relações internacionais, e merece enérgico repúdio pelos efeitos nocivos que tende a gerar".

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A delegação brasileira também defendeu o direito ao asilo político, que o México concedeu a Glas pouco antes de ele ser retirado da embaixada em Quito por policiais fortemente armados que o carregaram pelas mãos e pelos pés sob amplo protesto de diplomatas mexicanos.

Vice do ex-presidente de esquerda Rafael Correa, condenado por corrupção e hoje morando na Bélgica, Glas estava desde dezembro passado abrigado na embaixada mexicana. Naquele mês, pediu asilo político alegando ser perseguido pela Justiça equatoriana.

Ele já havia sido condenado a oito anos de prisão em 2017, época em que era vice do sucessor de Correa, Lenin Moreno, por corrupção após receber subornos da construtora Odebrecht, no mais envolvida em diversos escândalos em países da América Latina e da Ásia. Em novembro de 2022, conseguiu liberdade condicional e deixou a prisão.

Mas no final de 2023, pouco antes de se refugiar na embaixada do México, Glas virou novamente alvo da Justiça ao ser investigado em outro caso de corrupção, dessa vez envolvendo a utilização de dinheiro público para mitigar os efeitos de um grave em 2016.

A diplomacia brasileira já havia condenado as ações do Equador, mas em manifestação de menor escala. Horas após a invasão da embaixada em Quito, o Itamaraty disse em nota que as ação "constitui grave precedente". No X, o presidente Lula (PT) prestou solidariedade a seu homólogo mexicano, Andrés Manoel López Obrador.

Também nesta terça, desta vez em conversa com López Obrador, o petista disse que a invasão é "grave ruptura do direito internacional". Ele ainda sinalizou que Brasília acompanhará o tema na Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que ainda nesta semana debaterá o assunto.

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