Sopro de otimismo na transição para as energias limpas

Quem é contra a transição energética?

Pode parecer estranho, mas esse não era um tema de consenso há bem pouco tempo. A boa notícia: o cenário, finalmente, parece que mudou.

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É o que ficou claro na principal conferência global de energia, a CeraWeek 2024, realizada em Houston, no Texas (EUA), em março.

Tive a oportunidade de acompanhar o evento, e o que vi me deixou entusiasmado. As maiores empresas de energia do mundo, tanto gigantes do setor de óleo e gás como grandes marcas focadas em tecnologias renováveis, enfim parecem alinhadas com a visão de que o mundo precisa incorporar, cada vez mais, as energias limpas.

Melhor: a abordagem saiu das posições outrora mais defensivas para uma perspectiva de integração. Há uma visão bastante assentada de que, mesmo os combustíveis fósseis ainda sendo necessários num futuro próximo, o mundo efetivamente precisa dar essa guinada. Como? A partir do diálogo.

Um exemplo desse avanço é uma fala categórica do vice-presidente sênior de transição energética do Fundo de Defesa Ambiental (EDF), Mark Brownstein: "Há 20 anos não era possível conversar aqui sobre as alterações climáticas. Ponto final", declarou o executivo ao portal Vox.

Todas as palestras apontaram para a transição energética, em direção à gestão de carbono, eficiência e tecnologia limpa, e uma posição marcante partiu da secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm.

Ela disse que, mesmo sendo seu país o maior produtor de petróleo e gás do mundo, é necessário avançar com as energias renováveis. E mais: indústria e governo devem trabalhar juntos nessa direção. "Essas verdades não estão em conflito", exclamou Granholm, afirmando que consumidores, comunidades e investidores estão pedindo mudanças. "Temos o poder de gerir essa transição de forma responsável", acrescentou.

O mais animador é perceber que o Brasil, conhecido por ter uma matriz elétrica destacadamente renovável, vem sendo observado —e ouvido— mundialmente como uma referência global também pelas perspectivas de limpar a matriz de transportes, via biometano, etanol de segunda geração (E2G), com o combustível sustentável para a aviação (SAF, na sigla em inglês) e navegação (biobunker), ou a própria eletrificação, que também vem ganhando espaço no país, com a chegada de novos fabricantes e o aumento da rede de abastecimento.

Os biocombustíveis, naturalmente, são parte da transição. E vender expertise representa mais uma oportunidade para o Brasil. Mais do que a matéria-prima, aquilo de que o mundo mais precisa é o desenvolvimento de um mix de soluções limpas competitivas. E uma das conclusões da CeraWeek é que a indústria de óleo e gás é uma das que mais têm recursos para investir em tecnologia.

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