Sou professor de Columbia; protestos pró-Palestina no campus se tornaram abusivos

Na última quinta-feira (18), na aula de humanidades musicais que eu leciono na Universidade Columbia, dois alunos estavam fazendo uma apresentação em sala sobre o compositor John Cage. Sua peça mais famosa é "4'33", que nos direciona a ouvir em silêncio os ruídos ao redor por exatamente esse tempo.

Tive que dizer aos alunos que não poderíamos ouvir a peça naquela tarde porque os ruídos ao redor não seriam de pássaros ou de pessoas passando pelo corredor, mas sim gritos enfurecidos dos manifestantes ao lado de fora do prédio.

Ultimamente, esse ruído tem sido quase contínuo durante o dia e até de noite, incluindo cantos fervorosos de "Do rio ao mar" (slogan pró-Palestina). Dois alunos da minha turma são israelenses; outros três, até onde eu sei, são judeus americanos. Não consegui fazer com que eles sentassem e ouvissem isso como se fosse uma música ambiente.

Pensei no que teria acontecido se os manifestantes estivessem cantando slogans antinegros ou algo como "DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) têm de morrer", com a mesma melodia de "Do rio ao mar", que foi adaptada. Eles teriam durado aproximadamente cinco minutos antes que massas de estudantes os calassem e os expulsassem do campus.

Cantos assim teriam sido condenados como uma grave ruptura da troca civilizada, anunciados como uma ameaça e rotulados como uma forma de violência. Apostaria que a maioria dos manifestantes contra a guerra em Gaza os veria dessa forma. Por que tantas pessoas acham que protestos de semanas no campus não apenas contra a guerra em Gaza, mas contra a própria existência de Israel, ainda assim devem ser permitidos?

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Embora eu saiba que muitas pessoas judias discordarão de mim, não acho que o ódio aos judeus seja tanto o motivo para esse sentimento quanto a oposição ao sionismo e à guerra em Gaza. Conheço alguns dos manifestantes, incluindo um casal que foi preso na semana passada, e acho muito difícil imaginar que sejam antissemitas.

Sim, pode haver uma linha tênue entre questionar o direito de Israel existir e questionar o direito de as pessoas judias existirem. E, sim, parte da retórica nos protestos ultrapassa essa linha.

Conversas que tive com pessoas fortemente contrárias à guerra em Gaza, cartazes e publicações em redes sociais e em outros lugares, e comentários anti-Israel que ouço há décadas nos campi colocam esses confrontos dentro de uma batalha maior contra estruturas de poder —aqui na forma do que chamam de colonialismo e genocídio— e contra a branquitude. A ideia é que estudantes e professores judeus devem ser capazes de tolerar tudo isso porque são brancos.

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