Anitta se equilibra entre risco e mesmice do pop em Funk Generation

Do Santo Amaro, no Rio de Janeiro, ao Helipa, em São Paulo, passando pela Inestan, em Belo Horizonte, até o Clube da Compesa, em Recife. Em qualquer baile funk do Brasil é provável que Anitta não seja mais vista como funkeira.

Há muito que a artista deixou o MC, como se o título lhe prendesse aos palcos e DVDs da Furacão 2000. Foi, viu e venceu na gringa. E agora volta ao berço com seu "Funk Generation", que vacila entre ousadia e monotonia.

Hoje, Anitta é global. Tem um show memorável no Coachella, flana em tapetes vermelhos com a mesma desenvoltura com que dança, tece conexões pan-americanas e europeias. Se "Kisses", de 2023, fez da jovem de Honório Gurgel convidada de honra de premiações e "Versions of Me" assegurou seu lugar em meio à onda latina do pop, "Funk Generation" é seu passo à frente no mundo com a música que ela traz de berço.

O disco, com 15 faixas, faz o combinado. É um álbum de funk. Por isso, quando Anitta dá vazão ao devir do gênero, sua agressividade e sua lascívia, dá certo —chega até a se conectar com outras músicas de chão e paredão da América Latina. Quando tenta domar o funk, porém, Anitta torna opaco o brilho de seu trabalho. O disco patina com canções esquecíveis.

"Funk Generation" se sustenta em três escolas do funk: primeira geração, que surge no álbum com a batida Volt Mix, entre eletro de Los Angeles e Miami bass; a geração da virada dos 1990 para o 2000, situada entre as batidas feitas com a boca e o tamborzão; e a geração atual, entre a violência seca do surdo e o ataque agudo da caixa —que fazem o "tum-tcha-tchá tum-tchá".

Anitta não menospreza seu ouvinte. Ela e seu time encaixam as batidas e as texturas dessas diferentes gerações como um quebra-cabeça sem gabarito. Em "Grip", a artista brinca com a levada que ficou famosa em "Baby Got Back", do rapper Sir Mix-A-Lot.

Na música, ela canta sobre um beat que tem os mesmos gemidos e traçado de "Aquecimento Abre as Perna e Relaxa", além da harmonia que lembra "Popozuda Rock 'N' Roll", do grupo DeFalla. Um prato cuja avaliação fica a gosto do freguês.

Esse jogo da memória aos ouvidos se estende. Quando acerta, o álbum não soa nostálgico dos tempos idos nem tampouco pastiche dos tempos vividos. O interlúdio "Savage Funk", abertura da seção mais interessante do disco, mostra uma Anitta tão afrontosa quanto as batidas maximalistas que a acompanham. "Cria de Favela" acentua esse lado áspero —Anitta rima mais do que canta e explora seu lado MC de baile.

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