Meu Ano-Novo nos Andes

Na véspera do Natal de 2023, estive na Austrália e recebi um convite do meu amigo Tales Barreto para passar o Ano-Novo nas montanhas do Chile. Eu não hesitei, e no dia seguinte já estava dentro de um voo de Sydney a Santiago.

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Tales trabalha com turismo há seis anos. Por conta disso, sua empresa acabou administrando boa parte dessa minha viagem. Meu Réveillon foi em Farellones, e poucos dias depois disso passei por Calama e, de San Pedro de Atacama, peguei um transfer por meio do serviço da Zerando Chile. Essa cidade é praticamente de onde saem todos os passeios, uma vez que ela é a base mais próxima do deserto.

Eu pude visitar uma lagoa que é repleta de flamingos e me senti definitivamente em um cartão-postal! Ao entrar na Laguna Cejar, na qual a concentração de sal é oito vezes maior que a do mar Morto, flutuei sem esforço algum.

À noite participei de um tour astronômico e me impressionei com o céu, que não enxergamos todos os dias. Mesmo que seja o mesmo céu, vê-lo no deserto tornou-se uma das atividades mais gratificantes de ter feito. Não é à toa que está entre os dez mais belos céus do planeta Terra!

Na madrugada do dia seguinte visitei a região dos gêiseres, localizada a 4.600 metros de altitude. Isso, mais a concentração de enxofre no ar, me causou mal-estar. Mesmo sendo verão, os termômetros chegaram a marcar -4°C, só que eu já estava preparado para essas baixas temperaturas.

Desde o convite feito pelo Tales, já estávamos considerando anexar o Salar de Uyuni ao meu percurso. O Salar de Uyuni, localizado na Bolívia, é considerado o maior deserto de sal do mundo. Esse destino representa uma verdadeira imersão e contato direto com a natureza desértica da América do Sul, em lugares ainda pouco acessíveis.

Portanto, durante a viagem entre o Atacama e essa parte da Bolívia, passei por lagunas de diversas cores, por gêiseres, piscinas termais, montanhas, vulcões, esculturas em pedra e bofedales (zonas úmidas). Saímos gradativamente de 5.000 metros de altitude para os 3.600 metros em relação ao nível do mar, somente para ver de perto a maior zona de extração de lítio do mundo.

No horizonte, a luz do Sol começava a iluminar pouco a pouco a ponta das montanhas e vulcões inativos. Tudo vai ficando rosado, e a imensidão branca vai tomando forma. Minutos de silêncio e... A energia é surreal! Dali andamos por bastante tempo até que não se pudesse avistar nada, além do céu e do sal, é claro. Foram três dias incríveis, desbravamos as maravilhas deste destino único

Contudo, afirmo que mesmo no "meio do nada", ainda assim a história se faz presente. Note que quando vemos as famosas "fotos em perspectiva" não nos perguntamos onde está o banheiro, mas... Dessa vez eu tive que perguntar; e o "baño inca" estava conosco!

Atrás de uma pedra ou planta já era o suficiente, mas era necessário não ter vergonha de usar a criatividade.

Comecei o ano com a minha disposição ao máximo, e com certeza saindo da zona de conforto. Melhor dizendo, da "zona de privacidade". Descobrindo que é na naturalidade que saímos do óbvio.

E ter feito essa viagem foi revigorante. Até o próximo Ano-Novo!

O que você está lendo é [Meu Ano-Novo nos Andes].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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