Catadores têm salário no carnaval e marchinhas de conscientização

Com um sorriso no rosto e no meio de um bloquinho do Carnaval em São Paulo está a paranaense Francieli Silva, 42, que diferentemente da maioria dos presentes que puxam o cordão da folia, arrasta um saco cheio de latas e outros recicláveis que recolheu no bloquinho.

Silva faz parte de um grupo de outros 200 catadores que receberão uma diária fixa de R$ 160 por dia de trabalho e mais o valor da venda dos materiais. O valor será pago pelo Pimp My Carroça, graças a uma parceria com o Instituto Heineken e a marca Amstel.

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A iniciativa é inédita, começou no último sábado (11) com blocos paulistanos e traz benefícios diretos para o dia a dia dos catadores, que estão escalados para todos os dias de evento.

Os blocos (todos de São Paulo) que tiveram e ainda terão catadores com salário esse ano são: Acadêmicos do Baixo Augusta, Casa Comigo, Confraria do Pasmado, Unidos do Swing e Tarado Ni Você.

"Nosso trabalho depende de como está o clima, mas com essa iniciativa no Carnaval não, já vamos com a diária estipulada e no final todo material recolhido é vendido e o valor distribuído para os catadores que participaram do trabalho nele", diz Silva.

Somando-se o valor da venda dos recicláveis com o dinheiro pago da diária o valor chega a cerca de R$ 200, podendo variar para mais ou para menos, de acordo com o tanto que foi recolhido em cada bloco.

O pagamento é mais do que o dobro do que Silva, que é chefe de família e mora com a filha, conseguiu no último Carnaval em que trabalhou com reciclagem (em 2023).

"Eu recebia menos em outros Carnavais, e trabalhava tanto com reciclagem como vendendo bebidas, e o meu lucro variava entre R$ 60 a R$ 80 por dia", conta.

O processo também conta com a tecnologia e logística desenvolvida pelo Pimp My Carroça com o aplicativo Cataki, que "contrata" e escala os catadores que estão cadastrados no app para trabalharem nos blocos.

A plataforma funciona todos os dias do ano conectando geradores de resíduos a catadores, e durante o Carnaval ganhou essa função extra.

"No dia do serviço, o catador assina a lista de presença e recebe um ✅kit com equipamentos de proteção individual (EPIs) como luvas, pegadores, boné e outros. Ao final do dia, assina novamente a lista de presença confirmando seus dados bancários e a forma como quer receber o pagamento", explica Vânia Guil, gerente executiva do Instituto Heineken.

Para Silva, estar uniformizada também ajuda na sua aceitação para circular e dá um ar de profissionalização ao seu trabalho. "No nosso uniforme tem a frase: Carnaval sem catador é lixo", conta.

Manual para foliões e blocos

é possível fazer o download do material acessando no site do Pimp My Carroça.

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