Eu, homem negro e o 8 de março- #8M

Querer falar, mas ao mesmo tempo, não saber exato se, na fala, haverá implicações com aquilo que já fiz - ainda que de maneira não premeditada.

Então mando o papo reto: sim, posso ter já sido e serei, estruturalmente, um homem cisgênero machista. Mas não qualquer homem cisgênero. Um homem cisgênero preto, terceiro na cadeia que explicita a sociedade e seu patriarcado.

Gênero e raça andam de mãos dadas não só nesse momento que delimita e explica tudo o que acontece. Às mulheres, subserviência; aos homens, subalternidade. Na pele, o argumento. Aos brancos, pano; aos negros, adjetivos que reforçam ainda mais a maior chaga de nossa história, o racismo, não resolvido apenas com a ascensão social (na verdade, por meio dela, atingir uma camada mais profunda na questão).

Entre a experiência de ser aquele que desperta perigo quando não é; violência quando faz silêncio; rigidez e grosseria como escudos para que se possa proteger de qualquer teor preconceituoso. Por vezes a falta de educação, o modo intempestivo, um certo quê de ferida aberta, denotada na forma ríspida de uma fala que só pede acalanto. Tu te tornas não o que cativa, mas sim o que desperta. Até nesse momento o sistema é filho da puta ao fazer, do alvo, a flecha.

Muitos de nós, criados sem pai, por nossas mães, na equação que fecha mais de 15 horas fora, salários baixos, e até mesmo o distanciamento do afeto pelo acúmulo de cansaço. Também isso pesa no somatório que explica o modo de vida e ginga. Mas quero lembrar: tivemos as mães que tivemos - e temos; assim como irmãs, primas, sobrinhas. Assim como tivemos e temos companheiras e com elas, a maior parte e a dedicação para refazer a trajetória e, dessa forma, mudar.

E ressignificar a falta, vista por muitos de nós, homens, como algo "correto", pela maneira de colocar-se frente às relações. Mas também não é por aí.

Se a experiência é um carro com luzes voltadas para trás - e é - que cavalguemos às trevas. Fugindo do que é toxcidade ou abusividade, para além do que se espera deste corpo - servir. Como a explicação de Domitila Barros, no BBB. Não viu? Procure.

No 8M e em todos os dias, exaltar o seio que me forma, alicerces que atravessam, colocando a disposição sempre para aprender (ao invés de temer).

O que você está lendo é [Eu, homem negro e o 8 de março- #8M].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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