É preciso seguir pela Maré da paz

Na última terça-feira (14), a Maré despontou mais uma vez nas páginas de jornais iluminando com sabedoria intelectual e orgânica os impactos da política de (in)segurança vigente no Rio de Janeiro - e que acaba por representar o restante do país. Na 7ª edição do Boletim Direito à Segurança Pública da Maré, publicado pela ONG Redes da Maré, as operações policiais representaram um aumento de 145%, sendo o maior registro em três anos.

💥️Ao todo, o território de 16 comunidades contabilizou 39 mortes por armas de fogo, sendo 27 delas em contexto de incursões feitas pelo Estado.

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Mais do que números, vidas são atravessadas pela visão bélica de ação, onde se ostentam as mortes sem pensar no impacto que as ações têm no cotidiano dos moradores. No somatório, 62% das operações foram realizadas perto de escolas e creches, sendo 67% delas nas proximidades de unidades de saúde, num ataque duplo de exposição e desrespeito, em especial, às crianças, adolescentes e idosos. Foram mais de 15 dias sem aulas e 19 dias sem atendimentos para a saúde.

Quem tinha de ser chamado à responsabilidade e ação teve sua parcela compartilhada. Na segunda (13), às vésperas do lançamento, Flávio Dino, atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, recebeu o documento em mãos e foi à Maré ouvir os moradores. Na ocasião, reiterou que a participação da sociedade civil explicita não só as urgências - como problemas - mas apresenta soluções possíveis através de políticas públicas.

"Minha presença na Maré visa fazer um processo de escuta, de oitiva, de aprendizado, inclusive com este valiosíssimo processo de produção de dados e evidências. Os dados do boletim estão sendo incorporados ao patrimônio do Ministério da Justiça e Segurança Pública porque só é possível executar ações eficientes e corretas ouvindo a sociedade. O boletim é uma espécie de mapa que vai nos ajudar no caminho de combate à violência e de implementação de uma cultura plena da paz e dos direitos humanos no Brasil".

Na quarta-feira (14), durante a restituição do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), foi a vez do presidente Lula receber em mãos a publicação, junto a integrantes da Redes da Maré e ativistas.

Não por coincidência, os dados foram lançados no dia em que se completou cinco anos das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, um crime que não poderia chegar a tanto tempo sem respostas.

Ao assumirem o governo, tanto Lula quanto Dino se prontificaram em apresentar os mandantes do crime que chocou não só o país, mas o mundo. E que a plenos vapores, cinco anos depois, martela na cabeça com um único pedido: justiça.

A redução da letalidade na Maré e a solução do caso Marielle e Anderson tornam-se respostas eficazes ao Rio e ao Brasil. É possível uma nova política de segurança. E conjuntamente, é possível que crimes contra ativistas de direitos humanos sejam solucionados, para que não estejam em vulnerabilidade por apostar na garantia dos direitos.

É possível seguir por uma Maré de paz.

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