Produtos de base agrícola concentram quase 83% das exportações da indústria

A adoção de políticas agressivas de incentivos fiscais ao longo de décadas, com a distribuição de bilhões de reais em benefícios tributários, praticamente não gerou impactos desejáveis sob o ponto de vista do comércio exterior, com mudanças contestáveis na estrutura da indústria goiana, mantendo a baixa diversificação e complexidade, refletida numa concentração crescente das exportações da indústria de transformação em bens de base agropecuária. Se em 2022 essa classe de produtos chegou a responder por quase 69,5% das exportações totais da indústria goiana de transformação, a participação elevou-se para 82,95% no ano passado, o que ajudou a impulsionar o superávit na balança comercial do setor como um todo.

As vendas externas de bens de base agropecuária, notoriamente produtos de baixa agregação de valores e de conteúdo tecnológico proporcionalmente mais reduzido, subiram de US$ 4,409 bilhões para US$ 4,915 bilhões, num aumento de 2,85% (em torno de US$ 125,522 milhões adicionais). Os volumes exportados nesta área aumentaram de 4,470 milhões para 4,915 milhões de toneladas, numa alta de 9,94%. O resultado final dessa conta foi determinado ainda pela queda de 6,45% nos preços médios dos bens exportados, seguindo a tendência de redução nas cotações das principais commodities no mercado internacional. 

A despeito do aumento vigoroso no saldo entre exportações e importações da indústria como um todo, os números reforçam alguma deterioração na qualidade dos resultados colhidos ao longo do ano passado, com perdas paras as exportações e queda igualmente nas importações. Neste último caso, a redução ficou concentrada nas compras de adubos importados, influenciada pelo tombo nos preços médios no mercado internacional, combinado com os menores volumes adquiridos no exterior pelo agronegócio.

A indústria goiana reduziu suas exportações em 7,06% no ano passado, para um total próximo a US$ 5,925 bilhões, saindo de pouco mais do que US$ 6,375 bilhões em 2022, o que representou uma perda de receitas ao redor de US$ 450,320 milhões. O setor de transformação, em consequência, perdeu participação na pauta de exportações do Estado, saindo de uma fatia de 45,06% em 2022 para 42,79%. Como se recorda, as vendas externas totais do Estado recuaram 2,13% no período, recuando para US$ 13,846 bilhões.

💥️Alta nada virtuosa

As importações da indústria, lideradas por produtos farmacêuticos, adubos, veículos, tratores, suas peças e acessórios, baixaram ainda mais fortemente, num tombo de 16,11% na saída de 2022 para 2023, caindo de US$ 5,739 bilhões para US$ 4,814 bilhões. Como as importações totais do Estado baixaram 18,37%, para US$ 4,883 bilhões, a participação da indústria nas compras externas avançou de 95,95% para 98,60%. A redução do gasto em dólar com a entrada de bens importados, como se pode perceber, foi mais de duas vezes superior à perda de receitas na exportação, atingindo algo em torno de US$ 924,572 milhões. E essa diferença foi fundamental para alavancar o saldo comercial da indústria, num ganho muito embora motivado por fatores nem tão positivos assim. Obviamente, seria preferível que o aumento no superávit viesse como consequência de crescimento tanto das exportações quanto das importações, reforçando a chamada “corrente de comércio” e impulsionando os negócios de forma geral na indústria. Não foi o que ocorreu, como mostram os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

💥️Balanço

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