Como dois ceramistas brasileiros conquistaram restaurantes em Portugal

Gabi Neves (dir.) e Alex Hell que criaram um um ateliê de cerâmica artesanal em Portugal, após o sucesso do Studioneves no Brasil - Manuel Manso/Divulgação

Fábia Belém

da RFI, em Portugal

09/07/2023 14h03

Ela faz os desenhos e os moldes, enquanto Alex é responsável pelo vidrado, substância aplicada para revestir cada peça. Os vidrados, explica, "não são só bonitos. Eles [também] têm de suportar a acidez dos molhos que os chefs vão usar, a adstringência [do sabão] da máquina de lava-louça e os riscos das facas".

💥Incentivo do chef Alex Atala

Nos primeiros anos de trabalho no Brasil, a dupla se dedicou a aprimorar a cerâmica artesanal que produzia. Começou, inclusive, a importar argila mais resistente dos Estados Unidos. Com o intuito "de empoderar todo um setor", conta Alex, o casal passou a vender parte da matéria-prima para concorrentes, fazendo com que mais ceramistas trabalhassem com argila de alta qualidade. "A gente acabou transformando o mercado num mercado mais profissional, e no final, todo mundo ganhou com isso", ressalta.

Chef Alex Atala - André Giorgi/ysoke - André Giorgi/UOL

No final, deu tudo tão certo, que todas as criações do Studioneves inspiradas no menu do D.O.M. foram aprovadas por Atala, "e não só", diz Hell com entusiasmo: "Dali a pouco tempo, os chefs que seguiam o Alex Atala naquele momento, e que eram chefs de todos os estados brasileiros, começaram a ligar para gente dizendo 'Eu sei que vocês fizeram as peças pro Alex [Atala], e eu quero que vocês façam pra mim também'."

Hell reconhece que há um Studioneves antes e depois daquela encomenda. "Não é mais uma questão de qual é o chef mais importante ou mais estrelado, mas é a pessoa que mais teve um fator transformador na nossa história", ressalta o ceramista se referindo a Atala.

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💥"Ateliê verde"

Para adotar práticas ambientalmente sustentáveis no negócio, Gabi e Alex instalaram um reservatório para captar água da chuva, que serve para limpar o ateliê, as ferramentas e para fazer os vidrados. Depois que compraram um painel solar, também deixaram de gastar energia elétrica durante os processos de queima das peças. Além disso, as sobras de argila vão para a máquina de reciclagem, e não para o lixo. "O meu descarte vai próximo a zero hoje em dia. Então, eu perco quase nada", garante Alex Hell.

Ano passado, o ateliê ganhou o selo B Corp, uma certificação dada a empresas comprometidas com a sustentabilidade social e ambiental. Segundo Hell, atualmente, há clientes "que por acaso compram de nós, porque, apesar de outros fatores, somos muito sustentáveis e temos o selo para poder provar isso".

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