Trincheira, bunker, buraco de bala: onde ver rastros da Revolução de 1932

Foto da Revolução de 1932 colorizada por Roberto Secio, que comanda uma página do Facebook dedicada à memória da revolução - Reprodução Facebook

Felipe van Deursen

Colaboração para Nossa

09/07/2023 04h00

Em 9 de julho, o conflito armado começou. A mobilização paulista foi tremenda, com exceção dos trabalhadores das fábricas. A ideia era lançar uma ofensiva contra a capital federal, o Rio de Janeiro, antes que Vargas pudesse mobilizar uma reação.

Os líderes paulistas apostavam no apoio de outros estados, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, insatisfeitos com os rumos do governo.

Tal apoio não veio. A revolta durou três meses e se transformou em uma guerra civil. Exército e Marinha federais mobilizaram 80 mil homens, muitos do Norte e do Nordeste, para enfrentar os 70 mil paulistas, que chegaram a comprar, em segredo, aviões de combate no Chile para tentar enfrentar a frota nacional, muito maior.

Milhares de mulheres, ricas e pobres, doaram suas joias atendendo ao chamado da campanha Ouro pelo Bem de São Paulo, lançada sob o pretexto de conseguir lastro para pagar os custos da guerra"

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A região desse túnel marcou o ponto de virada da guerra, com muito derramamento de sangue. Os paulistas não conseguiram avançar além, dada a resistência dos mineiros que se aliaram a Vargas, dando tempo para as tropas federais chegarem. Mas os paulistas bloquearam o acesso, intensificando a batalha no local.

Como lembra Donato, as tropas de São Paulo "entraram pelo Paraná, na direção de Cambará e Jaguariaíva; penetraram em Minas, atingindo os arredores de Guaxupé. Porém, onde realmente importava, o avançar no Vale do Paraíba, rumo à Guanabara, o Exército Constitucionalista fizera alto. Por prêmio da espera, a derrota."

Hoje, o túnel é um ponto turístico especial para quem se interessa pela história do Brasil. Conheça mais sobre esse e outros lugares ligados à guerra civil.

💥️Passa Quatro (MG)

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O túnel era estratégico porque servia no transporte de tropas entre regiões de conflito. Os paulistas chegaram a bloqueá-lo com uma locomotiva a fim de impedir o avanço federal. Ele fica sob a Garganta do Embaú, um trecho de altitude mais baixa da Serra da Mantiqueira, usado pelos bandeirantes em seus caminhos Minas adentro.

Enquanto o trem não volta, é possível visitar o túnel pelo lado paulista por meio da Trilha do Mirante da Garganta do Embaú. Dura cerca de 2 horas e é considerada fácil em fóruns especializados como Wikiloc.

💥️São João da Boa Vista (SP)

Maria Sguassábia - Wikimedia Commons - Wikimedia Commons

💥️Águas de Prata (SP)

Na vizinha Águas da Prata, estância hidromineral conhecida pelas suas fontes de água e pelo turismo rural, o roteiro "Caminhos da Revolução de 32" tem como atração as trincheiras espalhadas pelos morros da Serra da Mantiqueira.

💥️Itapira (SP)

A cidade tem uma rota de cicloturismo dedicada à guerra. A Rota 32 tem 75 km e 1.400 metros de altimetria em um circuito demarcado com placas informativas. O passeio começa no Parque Juca Mulato, onde fica a Casa de Cultura, que funcionou como cadeia quando as tropas federais conquistaram a cidade.

O Obelisco guarda os restos mortais de combatentes da Revolução de 1932, dentre eles Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo (M.M.D.C)

Do lado de fora, há inscrições e ícones em referência à guerra, incluindo um poema de Guilherme de Almeida, que integrou a frente paulista. Apesar de ficar na região do Ibirapuera, o obelisco não saiu de uma prancheta de Oscar Niemeyer (cujas obras são a grande marca do parque), mas do escultor Galileo Emendabili.

O obelisco foi inaugurado em 1955, pouco após o parque. Mas, seguindo algo que se tornaria uma tradição paulistana no assunto obras públicas, sua conclusão foi bem mais tarde. Só em 1970 a cidade teve pronta a grande homenagem de 72 metros de altura à guerra travada 38 anos antes.

O que você está lendo é [Trincheira, bunker, buraco de bala: onde ver rastros da Revolução de 1932].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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