Delatores que implicaram Lula dizem que Lava Jato fez mal a empresas e democracia

Dois ex-líderes do Congresso que durante a Lava Jato implicaram o presidente Lula (PT) em seus acordos de colaboração premiada, o ex-senador Delcídio do Amaral e o ex-deputado federal Pedro Corrêa adotam tom parecido ao serem questionados sobre o teor de suas delações e sobre como veem hoje a investigação que mirou a Petrobras.

A Lava Jato completou dez anos da deflagração de sua primeira fase no último dia 17.

Ex-presidente nacional do PP, Corrêa está até hoje em prisão domiciliar, recuperando-se de uma cirurgia relacionada a um câncer de próstata, e diz que não tem dinheiro para pagar a multa imposta na delação.

"Juntando a multa do mensalão com a da Lava Jato vai dar algo em torno de R$ 5 milhões e eu não tenho como pagar", disse ele, em entrevista à 💥️Folha.

Corrêa, que já tinha sido condenado no mensalão, foi um dos primeiros políticos presos na investigação iniciada em Curitiba. Por causa de seu acordo de colaboração, ainda não pode sair de casa.

"Estou sendo executado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional pela ação penal 470 [mensalão]. Tudo que é meu, herança, está bloqueado. Então, eu não posso vender, nem trabalhar como médico, porque estou preso. É como uma prisão perpétua. Devo ser o único cara da Lava Jato que ainda está preso", afirma Corrêa, hoje com 76 anos.

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Delcídio também reclama da multa atrelada à delação, mas por outra razão. Lembra que foi absolvido da acusação de obstrução de Justiça envolvendo o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró –caso que o levou para a prisão em 2015 quando exercia mandato no Senado e o posto de líder do então governo Dilma Rousseff (PT)– e que os outros processos em trâmite migraram para a Justiça Eleitoral.

"Como é que eu vou pagar uma multa se eu tenho uma inocência julgada, daquela aberração jurídica? Que me julguem agora no Eleitoral, mas eu não tenho nada que ressarcir o erário", disse Delcídio à reportagem.

Desfiliado do PT desde 2016, o ex-senador, que vem de uma família de pecuaristas no Pantanal, diz que hoje presta consultorias a empresas do setor de energia e que mantém planos na política.

Ele ensaia uma pré-candidatura à Prefeitura de Corumbá neste ano enquanto articula erguer o PRD (Partido Renovação Democrática) em Mato Grosso do Sul, sigla que nasceu recentemente, da fusão entre PTB e Patriota, e que ele a classifica como de "centro".

"Não vamos entrar nesta polarização. Isso é tóxico para o Brasil", diz o ex-parlamentar.

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