Otan faz 75 anos renovada pela Guerra da Ucrânia, mas sob sombra de Trump

Quando a Otan fez 70 anos, em 2023, seus integrantes, como de costume, não pareciam falar a mesma língua e revelavam fraturas da aliança militar ocidental.

O vaticínio de que o grupo estava em "morte cerebral", como disse Emmanuel Macron naquele ano, era rejeitado pela primeira-ministra alemã Angela Merkel; o ambíguo líder turco, Recep Tayyip Erdogan, entrava em rota de colisão com a aliança por ações na Síria e desejos atômicos; e do outro lado do Atlântico havia Donald Trump, então presidente da potência que coordena a Otan —e crítico da organização.

É novamente o americano que lança uma sombra nos 75 anos da Otan, completados nesta quinta-feira (4), com declarações recentes de que, se eleito novamente à Casa Branca em novembro, não protegeria de uma eventual invasão aliados que não cumprissem metas de gastos de defesa estabelecidas pela organização —o Artigo 5 da aliança prevê defesa mútua dos integrantes em caso de ataque.

O risco de fratura, no entanto, pega a Otan em momento diferente de cinco anos atrás, agora renovada pelo mesmo inimigo existencial que motivou sua criação em 1949: o expansionismo russo (soviético na ocasião). Naquele fim de década, os vencedores da Segunda Guerra Mundial vislumbravam suas grandes diferenças ideológicas e o início da Guerra Fria.

Hoje, o resultado até aqui da guerra territorial lançada pelo presidente russo, Vladimir Putin, contra a Ucrânia em fevereiro de 2022 tem sido o oposto do que ele almejava em relação ao Ocidente: a Otan cresceu, renovou seus votos de união e mascara desavenças internas com financiamento a Kiev, um não membro.

Evitar a possível adesão ao grupo do país liderado por Volodimir Zelenski foi ponto central das justificativas do Kremlin para lançar o que, inicialmente, chamou de "operação militar especial" mas que se nomeia como guerra no resto do mundo.

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Nesta quinta, o Kremlin marcou o aniversário do bloco rival com críticas e a renovada ameaça de confronto, potencialmente nuclear e apocalíptico dado o pacto de defesa mútua que envolveria as duas maiores potências atômicas do planeta.

"[A Otan] já está envolvida no conflito acerca da Ucrânia e continua a expandir sua infraestrutura militar e se mover em direção às nossas fronteiras. Na verdade, as relações [entre Rússia e o bloco] agora entraram no nível de confronto direto", disse a repórteres o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Até janeiro deste ano, a ajuda nominal militar à Ucrânia alcançou R$ 225,7 bilhões só dos EUA, mais R$ 94,7 bilhões da Alemanha e R$ 48,7 bilhões do Reino Unido, os principais fornecedores. Financeiramente, a União Europeia contribuiu com R$ 413 bilhões.

Mesmo países menores têm ajudado com proporção relevante de sua produção. Estônia contribuiu com 3,6% de seu PIB, Dinamarca com 2,4% do seu, e Lituânia, 1,5%.

Isso sem contar a ampliação dos gastos internos de defesa em cada país da aliança. Em conta feita pelo think tank britânico IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em inglês), a Otan teve aumento de 8,5% em seus gastos militares, excluindo os EUA, embora com diferenças internas. A belicista Polônia prometeu gastar 4% de seu PIB com defesa, enquanto a Alemanha não tem cumprido a meta da aliança, de 2%.

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