Entenda como é o mecanismo de agravamento e morte por dengue

O Brasil já chegou à marca de 991 mortos por dengue em 2024. Já foram contabilizados mais de 2,6 milhões de casos da doença no período.

Mesmo enfrentando uma epidemia, o país apresenta uma baixa procura pela vacinação. O Ministério da Saúde recomenda a vacinação de crianças de 10 a 14 anos contra a dengue no Brasil, de acordo com critérios de recomendação também da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Segundo análise da pasta, é o intervalo de idades com maior número de internações dentre as elegíveis para a vacina (entre 4 e 60 anos).

No entanto, a dengue é cinco vezes mais letal para crianças com menos de cinco anos do que para aquelas que estão na faixa de 10 a 14 anos, diz levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da FMP/Unifase (Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto).

Abaixo, entenda o que está por trás das mortes por dengue e os sinais de alerta para agravamento.

A dengue pode se manifestar de três formas: clássica, com sinais de alarme e grave. Os sintomas iniciais da dengue clássica e da forma grave são semelhantes nos primeiros dias.

Após a picada do mosquito ✅Aedes aegypti infectado, o vírus age no organismo se multiplicando e invade as células do sangue até que o corpo produza anticorpos e controle a proliferação.

Até lá, as substâncias liberadas pela multiplicação viral geram sintomas como dor de cabeça, náuseas, febre, dor nas juntas e manchas na pele, como uma resposta do corpo à multiplicação do vírus, diz Renato Kfouri, infectologista pediatra e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

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Na maioria das vezes, o indivíduo infectado se defende e começa a controlar a multiplicação, quando começa a melhora dos sintomas. O vírus é, então, eliminado e os anticorpos perduram. É a forma clássica da doença.

"Em geral quem teve dengue, não tem mais na vida, porque os anticorpos são capazes de neutralizar o vírus e induzir a memória imunológica", afirma Kfouri.

No entanto, em alguns indivíduos, especialmente aqueles que têm fragilidade no sistema imunológico, a doença pode evoluir para a forma mais grave. A distinção entre os diferentes quadros geralmente ocorre entre o 3º e o 7º dia, especialmente quando a febre diminui. É nesse período que começam a surgir sinais de alerta.

Nesses casos, os anticorpos não são capazes de neutralizar o vírus, que continuam a se multiplicar. Há, então, lesão capilar na parte interna dos vasos sanguíneos.

"Isso faz com que a permeabilidade dos vasos comece a se alterar e esses indivíduos começam a ter extravasamento do plasma para fora dos vasos, levando a uma queda de pressão arterial, porque você fica com menos sangue circulando", diz.

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Segundo o infectologista, há ainda insuficiência cardíaca, uma vez que o coração passa a fazer força para bombear o sangue. Também é comum haver falência renal, já que os rins passam a receber menos sangue. Os mecanismos de coagulação sanguínea são alterados, o que pode fazer com que a forma grave da doença venha com hemorragias.

"Os sangramentos podem ser em locais nobres, como no sistema nervoso, no abdômen, intestino, sangramento cardíaco, e aí você vai evoluindo para quadros mais graves".

As mortes podem acontecer por insuficiência cardíaca, renal, AVC (acidente vascular cerebral), e, em geral, são resultado das complicações que advêm desses fenômenos de extravasamento de líquido dos vasos sanguíneos e de sangramentos relacionados aos consumos do sistema de coagulação.

Por isso, Kfouri ressalta que é importante ficar atento aos sinais de alarme, uma vez que a progressão não acontece da noite para o dia. Dentre os sinais preditivos da evolução da doença estão desmaio, vômito, tontura, dor abdominal intensa e sangramentos.

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