Inteligência artificial tenta aproximar candidatos do eleitorado e pode mudar pleito na Índia

Para ter uma ideia de onde a inteligência artificial está caminhando nas campanhas eleitorais, olhe para a Índia, a maior democracia do mundo, cujas eleições começam nesta sexta-feira (19).

Uma versão gerada por IA do primeiro-ministro, Narendra Modi, que foi compartilhada no WhatsApp, mostra as possibilidades de alcance hiperpersonalizado em um país com quase 1 bilhão de eleitores. No vídeo —um clipe de demonstração cuja fonte não está clara—, o avatar de Modi se dirige diretamente a uma série de eleitores, pelo nome.

No entanto, o material não é perfeito. Modi parece usar dois pares de óculos diferentes, e algumas partes do vídeo estão pixelizadas.

Na base, trabalhadores do partido de Modi estão enviando vídeos pelo WhatsApp nos quais seus próprios avatares de IA entregam mensagens pessoais a eleitores específicos sobre os benefícios do governo que receberam e pedem seu voto.

Essas mensagens em vídeo podem ser geradas automaticamente no idioma que o eleitor fala, dentre dezenas de idiomas da Índia. O mesmo vale para mensagens de voz por chatbots alimentados por IA, que ligam para eleitores em nome de líderes políticos e pedem seu apoio.

Esse tipo de alcance requer uma fração do tempo e do dinheiro gastos em campanhas tradicionais e tem o potencial de se tornar um instrumento essencial em eleições. Mas, à medida que a tecnologia avança na cena política, há poucos limites para evitar o uso indevido.

Chatbots e vídeos personalizados podem parecer mais ou menos inofensivos. No entanto, especialistas se preocupam que os eleitores terão cada vez mais dificuldade em distinguir entre mensagens reais e sintéticas.

"Será o Velho Oeste em um espaço de IA não regulamentado este ano", disse Prateek Waghre, diretor executivo da Internet Freedom Foundation, um grupo de direitos digitais sediado em Nova Déli. A tecnologia, segundo ele, está entrando em um cenário midiático já poluído com desinformação.

Ao redor do mundo, as eleições se tornaram um campo de testes para a expansão da IA. As ferramentas foram usadas para transformar um candidato presidencial argentino em Indiana Jones e Caça-Fantasmas. Durante as primárias de New Hampshire, os eleitores receberam ligações de robôs que os pediam para não votar, em uma voz que provavelmente foi gerada artificialmente para se parecer com a do presidente Joe Biden.

Na Índia, o Partido Bharatiya Janata (BJP), de Modi, e o partido de oposição Congresso Nacional Indiano se acusaram mutuamente de espalhar conteúdo deepfake relacionado às eleições online.

Um posto avançado nessa nova fronteira indiana está no estado desértico ocidental do Rajastão. No térreo de um prédio residencial em uma rua empoeirada, um jovem de 31 anos, Divyendra Singh Jadoun, opera uma startup de IA, chamada The Indian Deepfaker.

Sua equipe de nove pessoas tem feito comerciais com avatares gerados por IA de atores e atrizes de Bollywood. Mas, neste ano, políticos começaram a lhe pedir para fazer por eles o que ele havia feito por celebridades. Das 200 solicitações, Jadoun disse que aceitou 14.

Entre aqueles que estão recebendo o tratamento de IA está Shakti Singh Rathore, um membro de 33 anos do BJP. Seu trabalho nesta eleição é informar o maior número possível de pessoas sobre os programas e políticas de Modi. Então, ele decidiu criar uma réplica de si mesmo.

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