Inteligência Artificial: O estranho caso dos professores de Barueri

Recentemente, um excerto de um texto meu, publicado aqui na 💥️Folha a propósito do uso da Inteligência Artificial (IA), foi utilizado em uma prova de admissão para professores no estado de São Paulo.

O trecho, adaptado, fora retirado de uma coluna onde discuto os desdobramentos éticos e práticos do uso disseminado da IA, especialmente em conteúdos que nos chegam de maneira quase invisível.

Como eu não sou candidato a professor na prefeitura de Barueri, provavelmente nunca saberia desse fato, mas uma das professoras encarregadas de o corrigir me abordou no Instagram:

"Oi, boa tarde. Eu li um texto seu recentemente sobre o uso de IA na criação de conteúdos. (Li numa prova de concurso). Lá você diz que quem usa IA sabe que, no final, todo o conteúdo produzido pode cair debaixo do rótulo de 'conteúdo sintético'. Com conteúdo sintético você quer dizer de algo que foi totalmente produzido por IA?"

A escolha do meu texto para um exame educacional deveria ser motivo de satisfação, pela aparente valorização do conteúdo. Contudo, a forma como foi utilizado suscita questões sobre ética, direitos autorais e responsabilidade intelectual.

O segmento usado, elaborado pelo "Instituto Mais", embora um reconhecimento implícito da relevância do tema, foi apresentado de maneira truncada e descontextualizada, sem indicação da fonte, e a pergunta baseada no texto deturpava sua essência, propondo um significado de "conteúdo sintético" que não corresponde ao conceito que abordo.

O problema não reside só na utilização incompleta do texto, mas no fato de que as nuances de uma discussão complexa sobre IA foram comprimidas em uma questão de múltipla escolha.

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A IA não é mais uma promessa futurista; ela é uma realidade presente em nossas vidas cotidianas, modelando desde a nossa absorção de notícias até as estratégias de marketing político.

Por essa razão, insisto na importância de uma discussão franca sobre a tecnologia. Seu uso não deve ser escondido, mas sim revelado, garantindo que a sociedade possa se beneficiar de suas vantagens e estar ciente de seus riscos.

A questão levantada na prova de Barueri se enquadra em uma falha maior: na simplificação excessiva de questões complexas, o que pode levar a uma compreensão falha e a decisões mal informadas. Se vamos preparar nossos alunos e professores para o mundo que está se formando, a profundidade e a integridade do conteúdo não podem ser comprometidas.

O que você está lendo é [Inteligência Artificial: O estranho caso dos professores de Barueri].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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